Afeganistão, impossibilidade ideológica Versão para impressão
Segunda, 31 Maio 2010

O verniz estalou na mensagem dominante sobre a participação alemã no contingente militar na Afeganistão. O Presidente Alemão, Horst Koelher, comentou, sem quaisquer reservas, essa situação. Dizia ele que a Alemanha, um país com grandes interesses comerciais no exterior, deve saber que as intervenções militares são necessárias para manter esses interesses comerciais. As palavras do Presidente Alemão lançaram a discussão sobre as reais motivações, e colocou-as no âmbito da estratégia imperialista.

Artigo de Pedro Filipe Soares

A discussão de fundo não é tanto a iniciativa específica no Afeganistão. Essa, apesar de ser o título deste artigo, está enquadrada numa estratégia bem mais alargada. Mas, as afirmações de Horst Koelher são exemplificativas da própria existência da NATO. Os interesses que tem defendido são, como diz Koelher, a manutenção e expansão de interesses comerciais. Colocando por outras palavras, é a subjugação dos povos ao Império, utilizando a mentira para a manipulação das massas populares. É a NATO enquanto organização ofensiva, ao serviço do Império.
A situação vivida no Afeganistão assume contornos paradigmáticos. Por um lado, a presença militar é apresentada como a única via para a democratização do país e o espaço para a construção de uma sociedade afegã. Por outro lado, essa mesma presença militar tem acirrado ódios e espalhado a destruição, conotando a democracia, aos olhos do povo, com massacres sanguinários e opressão estrangeira. Assim, percebemos o crescimento do apoio popular aos talibans.


O desfecho desta guerra é previsível pelos seus contornos. Nunca a vontade foi a construção de um Estado, mas antes a defesa de interesses imperialistas. E, por isso mesmo, foi uma estratégia votada ao fracasso. A escolha que se coloca ao povo afegã é apenas entre o modelo de opressão, sem que se percebam realmente as diferenças entre passado, presente e perspectivas de futuro. Essa realidade é cada vez mais visível, numa altura em que os próprios Talibans são convidados para participar no Governo Afegão.

A um país sem Estado, a noção de solidariedade só poderia estar consubstanciada na construção de infraestruturas, serviços públicos e democracia. Mas, a solidariedade nunca foi um dos valores que esteve em cima da mesa da NATO. Por outro lado, a defesa do Estado por aqueles que o incluem num eixo económico do mal, não seria uma impossibilidade ideológica?

Pedro Filipe Soares

 

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