Novas saídas são sempre tarefas inconcluídas Versão para impressão
Terça, 11 Maio 2010

Queridas e Queridos Camaradas

 

Hoje é um dia particularmente feliz. É dia da 5ª Conferencia da UDP-AP.

É dia deste resistente punhado de comunistas da UDP se voltar a reunir para em assembleia magna discutir ideias que, estou certa contribuirão para o reforço do campo revolucionário da Esquerda.

Endereço-vos por isso queridas e queridos camaradas uma saudação de especial apreço e gratidão.

Não só aos que ao longo de mais de 35 anos comigo partilharam um percurso de que me orgulho, onde as ilusões tiveram o seu tempo e as dificuldades abundaram.

Mas desilusões não nos esmoreceram, as alegrias foram vividas com intensidade, e a convicção na capacidade de mudar venceu.

Também aos mais jovens que aqui estão hoje, animados da vontade da transformação da vida e do mundo, motivados pela capacidade de encontrar as alternativas que hão-de ser capazes de desbravar os caminhos que derrotarão a opressão do capital.

Ainda aos que já não estando entre nós nos deixaram o legado do seu saber, da sua experiência revolucionária pondo-a sempre ao serviço do povo que neles confiaram.

Falo de Gonçalves da Silva e Artur Palácios.

 

Camaradas

Esta nossa 5ª conferência apela a uma discussão ideológica de importância vital.

O aprofundamento da análise da crise global, o papel dos seus protagonistas e a luta pelo socialismo no tempo presente, convoca-nos para uma reflexão profunda sobre a teoria marxista e a sua actualidade, bem como, a reflexão sobre a desconstrução das dogmáticas concepções de partido e a sua relação com o Estado e o papel e estado dos movimentos sociais.

É desta compreensão que havemos de encontrar as necessárias respostas que consubstanciarão o centro da táctica política revolucionária, que enfrentará o brutal ataque do capital aos direitos sociais e laborais dos povos.

Não chegámos agora a este debate caídos do nada. Ele é constituinte da nossa história de mais de trinta anos e tem tido consistente produção marxista nos últimos tempos.

Quando em Setembro de 2008 a Direcção Nacional analisou a crise que emergia e identificou as suas causas, natureza, e consequências; numa altura em que os governos europeus e mundiais a negavam, marcou o rumo que haveria de influenciar decisivamente o Bloco de Esquerda a estar preparado para a debater a apresentar alternativas no inicio de 2009.

Quando produzimos teoria sobre o sentido da democracia representativa e participativa, quando afirmámos que o pluralismo político é um objectivo estratégico em contraponto com a ultrapassada teoria do partido único, estávamos a confrontarmo-nos com a nossa própria história da dicotomia partido /frente.

Foi o confronto com a realidade da vida que nos demonstrou que perdemos demasiados anos a tentar reconstruir o que não tinha qualquer reconstrução. Até porque, entre a fotocópia e o original o povo foi sempre preferindo o original.

E foi assim que nos vimos reduzidos aos 0,7% dos votos, enquanto o PCP se mantinha único partido da classe operária. Foi o confronto com a realidade da vida que nos permitiu descortinar que ou se criava algo novo e que crescesse ou definhávamos completamente. E foi daqui que nasceu a estrela que haveria de ultrapassar o PCP em mais de 110 mil votos em 2009.

Por isso não poderíamos paralisar a nossa corrente como aconteceu durante algum tempo em que a produção ideológica quase definhou.

A 3ª conferência recentrou-nos nessas tarefas. Na necessidade de construir agenda ideológica. Foi essa agenda que fomos capazes de ir traçando, com insuficiências que reconhecemos, que foi determinante para a preparação dos combates políticos que tivemos que enfrentar.

Disse-vos aqui nessa altura que a UDP “ Não era um clube de reflexão mas um centro de corrente”. Foi também a vida que nos demonstrou que sempre que a UDP assumiu o seu papel foi o Bloco de Esquerda que ganhou. Por isso camaradas, aconselho-vos a relerem os documentos que então apresentámos: - O Novo Impulso e as novas saídas para a Luta.

Afirmei na sua apresentação em 2008 que eles eram - “dois documentos simples e sintéticos que centram a sua análise na situação europeia, com implicações nacionais, nos últimos dez anos, e que apontam o essencial da táctica política revolucionária”.

Documentos, que possibilitam abrir a necessária discussão para dar saída ao estado de estagnação em que a UDP se encontra e que a reafirme como corrente de pensamento estratégico, razão de ser da sua existência, Estes documentos permitem aprofundar o debate sobre as políticas de direita, identificam problemas com que a esquerda se debate, propõem soluções reganhadoras de confiança, que contribuam para o alargamento do campo alternativo, acumulando forças na luta contra a globalização neoliberal. São, pois, um desafio à nossa militância no Bloco de Esquerda.”

Foi também o resultado do debate da nossa 3ª conferência e de documentos tão importantes como os que produzimos que influenciaram decisivamente o centro da táctica política da Convenção do Bloco de Esquerda. Porque essa plataforma – plural, popular e socialista – não só não anula a existência da organização comunista, como lhe exige novas respostas.

As concepções, que assumimos, como corrente ideológica no seio do Bloco de Esquerda, sendo este o Partido, não é nem pode ser castradora da nossa contribuição colectiva e individual no processo de definição da política e da acção.

A defesa dos serviços públicos e o socavar a base do PS vieram a confirmar ser o caminho certo.

A Comuna e a sua produção ideológica têm o reconhecimento muito fora de portas da UDP ou de Bloco de Esquerda.

Ela foi e é determinante na aproximação que muitos e muitas jovens estão fazendo da UDP. Para a sua continuidade e êxito é uma necessidade a constante actualização do pensamento marxista. Verdadeiramente é isso que a torna atraente para as camadas mais jovens cujas motivações de participação não são as da minha geração.

 

Camaradas

Os Novos Impulsos e as Novas saídas para a Luta serão sempre tarefas inconcluidas. Este é o momento das respostas a uma crise que se prevê prolongada e cujos efeitos também se prevêem resultarão numa instabilidade agravada, onde os pobres, os precários, os trabalhadores de todas as fábricas do mundo serão os alvos do capital. Porque no centro da crise estará sempre colocado o paradigma “De quem a paga”.

Este será o tempo de todos os populismos, onde cabem e, ganham corpo todos os ataques xenófobos, aos direitos mínimos, onde até a própria política será tida como uma actividade marginal. Onde aparecem as ideias de que serão os sábios economistas que terão a capacidade de dirigir os países.

É o tempo em que as ideias neoliberais e o próprio neoliberalismo tenderá a ser mais agressivo. Preparar a resposta a este tempo só pode ser tarefa de comunistas. Envolvendo e provocando amplas alianças com “muit@s”.

Em Portugal, na Europa, e no Mundo, dos mais velhos aos mais novos, dos experientes da vida e dos experientes do saber.

Desta simbiose façamos a luta. A luta toda. Por uma terra sem Amos.

À discussão Camaradas.

 

 

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