Presidenciais: “Tempo de somar Esquerda à Esquerda” Versão para impressão
Sábado, 20 Fevereiro 2010

Na festa "Abril e Maio, Aqui Agora", no Teatro da Trindade (3 de Junho de 2008), Manuel Alegre afirmou: “Eu creio que é chegado o tempo de somar a esquerda à esquerda. Tempo de somar Esquerda à Esquerda”(1). E era isso que estava a ser feito naquela iniciativa, que juntou pessoas da ala esquerda do PS, do Bloco de Esquerda, renovadores comunistas e muita gente sem ligação aos referidos agrupamentos políticos mas que se revê no espaço e no diálogo das Esquerdas.

Artigo de Bruno Góis

O encontro das esquerdas para debater “Democracia e serviços públicos” (14 de Dezembro de 2008) foi outro momento alto em que Manuel Alegre participou num diálogo à Esquerda. O propósito do encontro era bem patente no seu manifesto: “A crise financeira e as graves dificuldades económicas sentidas no mundo inteiro dão uma medida da irresponsabilidade da especulação e das políticas que têm conduzido ao desemprego, à precariedade e à perda dos salários. Os signatários consideram que essas políticas devem ser combatidas, porque constituem ataques à democracia”.

O posicionamento de Manuel Alegre do lado das causas mais urgentes da Esquerda, a defesa da Democracia e dos Serviços Públicos, foi verificado igualmente noutros momentos concretos e fundamentais. Alegre esteve do lado da esquerda (e contra o PS) votando em defesa do Serviço Nacional de Saúde e contra as taxas moderadoras, votando em defesa dos Direitos do Trabalho contra o Código Vieira da Silva, votando a favor do Casamento entre Pessoas do Mesmo Sexo contra a homofobia e o conservadorismo.

Vale a pena recordar que nas Presidenciais de 2006, num contexto diferente, em que ainda não tinha entrado neste diálogo à Esquerda, nem tinha dado provas do seu comprometimento com a Esquerda, Manuel Alegre não teve apoio nem do PS nem dos partidos da Esquerda. E, mesmo sem apoio partidário, Manuel Alegre foi o candidato mais votado a seguir ao candidato da Direita – Cavaco Silva obteve 50,59% dos votos. Os resultados de Alegre, 1125077 votos (20,79%), colocaram-no claramente acima do candidato oficial do PS, Mário Soares, que obteve 778781 votos (14,34%). Estes resultados eleitorais somados ao diálogo à Esquerda e às provas dadas com o reavivar da sua participação na defesa da Democracia e Serviços Públicos: colocam Manuel Alegre como a pessoa em melhores condições para desafiar a recandidatura de Cavaco Silva.

O apoio do Bloco de Esquerda à disponibilidade de Manuel Alegre para ser candidato a Presidente da República foi um sinal positivo para uma candidatura forte à Esquerda. Isto não coloca de parte as divergências passadas, presentes ou futuras com Manuel Alegre, pela parte do Bloco de Esquerda. Contudo, na actual relação de forças, é urgente derrotar Cavaco e colocar na Presidência da República aquele que seria o presidente mais à esquerda desde o 25 de Abril: Manuel Alegre.

“Eu creio que é chegado o tempo de somar a esquerda à esquerda. Tempo de somar Esquerda à Esquerda”

A entretanto surgida candidatura de Fernando Nobre, personalidade que merece o nosso reconhecimento pelo seu trabalho humanitário, não vem somar à esquerda. Acaba, antes, por subtrair. Até ao surgimento da candidatura de Fernando Nobre: A Esquerda tinha um candidato. O Governo Sócrates e Direcção do PS tinham um problema: apoiar ou não o candidato da Esquerda, o candidato crítico das suas políticas de direita, o candidato que [ele sim e não Sócrates] sabe dialogar e responder aos interesses urgentes da Esquerda. O surgimento da candidatura de Fernando Nobre resolve o desnorte do PS ao encorajar a fragmentação da esquerda e acaba por reforçar as probabilidades de reeleição de Cavaco Silva.

 

1. Discurso de Manuel Alegre no Teatro da Trindade http://www.youtube.com/watch?v=1p8IBLUL8bU .

 

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