A inspiração do Mercado Versão para impressão
Sábado, 20 Fevereiro 2010

Quando em 2005 Joseph Stiglitz* alertava nos seus artigos sobre a ilusão da economia Norte Americana, que dos seus 3,2% de taxa real de crescimento do PIB cerca de 1,5% seria devido a re-hipotecas; tornava-se evidente o estouro financeiro que os mercados iriam sofrer.

 

Artigo de Rui Abreu

 

Demorou mais 3 anos e meio para que, o que parecia um último arfar especulativo, viesse a rebentar a monumental bolha que alimentava os mercados dos EUA e, por arrasto, os mercados internacionais. Em catadupa, os governantes liberais desdobraram-se em criticas de falta de regulação, de negligência de gestão; da necessidade dos Estados intervirem. Tornava-se necessário começar a justificar, perante as opiniões públicas, as sucessivas injecções de capital público nas instituições financeiras privadas.  Comparando com as somas astronómicas atingidas até hoje, até se pode dizer que as primeiras respostas financeiras: os mais de 700 mil milhões de Dólares que a RFNA injectou nos mercados dos EUA; os mais de 300 mil milhões de Euros disponibilizados pelo BCE e os cerca de 70 mil milhões de Ienes que Banco Central do Japão transferiu para os mercados nipónicos; parecem valores modestos. Passado um ano desses discursos moralizadores e muitas bailouts depois, em que “triliões” parece ter-se tornado uma moeda corrente, tudo parece esquecido quanto às promessas reformistas dos mercados, feitas pelas hostes políticas neoliberais. O Mercado apresenta-se como única e fatal solução para resolver uma crise económica com contornos sociais cada vez mais profundos.  

Na ausência de políticas redistributivas e socializadoras das economias, não faltam os seus representantes políticos que procurarão maiorias cada vez mais compressoras das convulsões sociais que se divisam. A economia social assim o obrigará.

 

Os EUA, ponta avançada do Capitalismo Global, já dão todas as evidências deste novo fôlego do Mercado. A par da liberalização/privatisação da Democracia Representativa, com a aprovação por parte do Supremo Tribunal dos EUA da Lei sobre o financiamento das campanhas eleitorais, outros exemplos surgem, não menos preocupantes, sobre as soluções ultraliberais que se estão a implementar.

 

O Estado do Arizona, perante uma alegada falência financeira, colocou à venda 9 das suas 10 prisões. A privatização da coisa pública está a ser levada ao extremo; até o corredor da morte vai ter o seu accionista. Futuramente, poderemos ver todos os agentes do sistema judiciário, a responderem em reuniões de balanço anual de contas, polícias e juízes a trabalharem à comissão. Tudo é previsível num Estado em que o longo braço da Lei está a ser substituído pela mão invisível do Mercado.

  

*Professor da Universidade de Columbia

 

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