Finalmente um acordo mas ainda há muito caminho a fazer… |
Sábado, 23 Janeiro 2010 | |||
A vida nas escolas tem sido sujeita às maiores atribulações, sobretudo desde 2007, altura em que entrou em vigor o último Estatuto da Carreira Docente. De forma paulatina, mas firme e profunda, ocorreram enormes transformações no dia-a-dia das escolas, por via de uma política persecutória que teve o professorado como alvo principal. Artigo de Almerinda Bento Havia que fazer cortes nas despesas; havia que encontrar um bode expiatório para o que estava mal, fazendo-se generalizações abusivas e tentando ganhar a opinião pública para as políticas reaccionárias que o governo de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues impôs. Horários sobrecarregados com actividades sem sentido; professores de 1ª e professores de 2ª; sistema de avaliação inconsistente e incompetente; directores omnipotentes; desvalorização das estruturas pedagógicas; ausência de negociação; diabolização dos sindicatos. Na rua e pela primeira vez para muitos e muitas, os professores gritaram pelos seus direitos e esse grito foi crescendo de cada vez que se manifestavam e marchavam. Entretanto, Sócrates perdeu a maioria absoluta e mudou os rostos do ministério da educação… Nos primeiros dias de 2010 foi assinado um “acordo de princípios” entre o ME e alguns sindicatos. Primeira etapa de um processo de negociação em que os sindicatos e o professorado não podem abrandar a sua energia, vigilância e carácter reivindicativo. É bem certo que nem todos estão satisfeitos… mas seria difícil senão mesmo impossível alcançar de uma vez, aquilo que se perdeu de uma forma tão profunda nestes últimos anos. Há que valorizar os aspectos positivos deste acordo: o fim da divisão da carreira e a possibilidade de acesso da maioria dos professores ao topo da carreira, sabendo-se que antes deste acordo 2/3 dos professores nunca atingiriam o topo da carreira. Sobre a avaliação, poucas mudanças houve relativamente ao “simplex”. A 20 deste mês de Janeiro, para além do “esmiuçar” este acordo entre o ME e os sindicatos, inicia-se o processo de negociação de outras matérias importantíssimas: horários, condições de trabalho, concurso nacional antecipado para 2011. O pior que podia acontecer neste momento seria abrandar o espírito de luta que o professorado aprendeu neste processo. O descontentamento nas escolas é real. Os horários são desumanos, a escola está transformada numa grande fábrica de burocracia. Os directores subverteram as relações de trabalho nas escolas e o clima está inquinado. Este acordo foi um passo importante. Há que continuar na luta! 22 de Janeiro de 2010 Almerinda Bento
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
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