Porquê os jovens na política? E que papel lhe é destinado? Os jovens são peças decorativas? Que utilidade tem uma peça decorativa num partido socialista?

O chavão é sempre o mesmo, “o Futuro é dos jovens”! Sendo repetido até à exaustão.

O problema da juventude na vida activa (para mim participação activa é ter responsabilidades de direcção) de um partido socialista é ter de se confrontar muitas vezes com a tentativa de eternização da nomenclatura dirigente, alguns dos quais já estão fora de “moda Ideológica”, usando e abusando da k7 gasta que “os jovens são novos e não têm experiência.”

Outros querem fazer dos partidos socialistas uma espécie de monarquia com sucessores previamente escolhidos, por muito que os escolhidos não tenham nem jeito nem capacidade.

Um partido socialista ou comunista que se queira manter na liderança da produção de teoria marxista, não pode subestimar, nem desprezar os contributos que os jovens podem dar para à produção de ideias marxistas, como na sua aplicação na realidade concreta e objectiva. 

Não concordo com a formação dos tempos passados que era dada aos jovens, através de manuais muitas vezes desajustados da realidade. Assentes na ortodoxia e no dogmatismo.

Para mim a inclusão e a formação dos jovens, faz-se incluindo-os no debate, nas tomadas de decisão e na aplicação prática das decisões. Isto é nas direcções.

Não concordo com as Jotas e suas sucedâneas.

As jotas mais não servem do que criar um exército de mão-de-obra barata, ao serviço de uma máquina de caciques que não olham a meios para trepar nos seus partidos.

As sucedâneas são jotas com vergonha de o ser. Esvaziadas ideologicamente, assentes em quimeras que mais não são do que tentar regular o capitalismo, transformando o papão capitalista num santo adocicado pronto a servir numa rede de fast-food em qualquer esquina perto de si.

Os jovens socialistas não podem ser transfigurados num arranjo floral qualquer, de que se põe e dispõe em conformidade com as necessidades da altura.

Os jovens de um partido socialista não podem ser transformados num séquito que segue fanaticamente um líder, jovem ou mais velho, esvaziado de conteúdo ideológico.

Os jovens socialistas têm de ter a capacidade de pensar ideologicamente o mundo de hoje e produzir respostas socialistas para enfrentar o capitalismo.

Temos de criar os mecanismos democráticos para que os jovens sejam os socialistas de hoje e não estejam sentados eternamente no banco de suplentes, na esperança que um qualquer treinador os meta no jogo para serem os socialistas de amanhã.

Joaquim Dias