Internacionalismo Climático Versão para impressão
Quarta, 20 Janeiro 2010

Muito se tem debatido sobre o tema das alterações climáticas, sobre os impactos na nossa vida quotidiana, na nossa própria existência e no ecossistema. No entanto, não afectam todos por igual. Copenhaga ditou um limite do aumento da temperatura média do planeta abaixo de 2ºC até 2050. Se alguns países registariam assim aumentos de meio grau nas suas temperaturas, para os países africanos esta meta seria equivalente a aumentos de três ou mais graus. O forte impacto nas colheitas agrícolas poderia reduzi-las a metade em várias áreas. Quem menos contribuiu para o aquecimento global é quem é mais afectado por ele!

Artigo de Nelson Peralta

Na Cimeira do Clima em Copenhaga, os líderes mundiais apregoaram solenemente que iriam responder à questão “como instituímos um modelo ambiental e socialmente justo?”.  Mas à saída a sensação que fica é que responderam à questão “como podemos lucrar com a desgraça?”. Neste particular, e adaptando a expressão de José Mário Branco, podemos dizer que se trata de uma espécie de Internacionalismo Climático. Durão Barroso, a poucos dias do final da conferência, quando já cheirava a fracasso dizia “A minha experiência é a de que há um certo drama e que é na parte final que se chega a um acordo”. A realidade foi bem mais dura: Copenhaga começou em drama e terminou em tragédia.
 
Sem um acordo juridicamente vinculativo, sem uma meta de redução das emissões de estufa, sem um amplo acordo internacional, sem mecanismos de controlo para o aumento máximo de temperatura acordado, Copenhaga foi apenas uma palmadinha nas costas. Uma confirmação de que podemos continuar os negócios como antes, que a própria desgraça climática e a atmosfera são bens transaccionáveis ao sabor do mercado de carbono. Dúvidas houvessem e o desacordo climático numa matéria que reconhecem pode colocar a nossa existência em causa diz-nos muito sobre as alterações que os mesmos líderes mundiais não fizeram na economia para salvaguardar os cidadãos da exploração do mercado, mesmo após a crise financeira.
 
Mesmo a faceta mais positiva de Copenhaga, a definição de um fundo de ajuda a países em vias de desenvolvimento e aos países mais afectados pelas alterações climáticas, dificilmente terá como objectivo a equidade social e climática. Uma vez que ficou ensombrada com a possibilidade destes fundos serem mantidos e geridos por instituições financeiras como o Banco Mundial.
 
As pessoas, que ficaram à porta em Copenhaga, ficarão um ano à espera que os seus problemas sejam resolvidos na Cimeira do México. Até lá o negócio irá florescendo à custa da sustentabilidade ambiental e social.

Nelson Peralta
 

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