Do PCP ao comunismo Versão para impressão
Sexta, 15 Janeiro 2010

O PCP decidiu fazer mais um esforço de abordagem teórica ao Bloco, agora pela mão de Margarida Botelho. O método repetiu-se: recolha de declarações de dirigentes e aderentes vários e isolá-las do contexto. Um método marxista tenderia a colocar algumas perguntas importantes: como é que o Bloco se tem posicionado perante as questões fundamentais que fazem a luta de classes? No parlamento e na rua? Que atitudes mostraram os seus dirigentes em momentos chave como greves gerais, confrontos entre a população e o regime (…) ? Que ligação e que resposta social tem o BE tido? Em que sectores têm ganho apoio popular? Que conteúdos têm os seus documentos decisórios?

Há, até, mais algumas perguntas interessantes que Margarida Botelho poderia colocar. Por exemplo: a evolução e transformação da classe trabalhadora influência, ou não, a emergência de novos actores políticos? A globalização influencia, ou não, a resposta comunista e em consequência a contradição entre Estado-Nação e capital? E a União Europeia? Isso conduz ou influencia novas respostas nacionais? O que é o capitalismo, realmente existente, em Portugal? O ataque neoliberal e global, a queda dos países ditos socialistas, a emergência de activismos sociais vários não diz nada à necessidade de reflexão sobre quais são hoje, como devem ser hoje, como se constroem hoje os sujeitos políticos?
 
Um questionamento deve merecer um olhar material e concreto. O modelo escolhido pelos actuais dirigentes do PCP é do tipo “temos que dizer mal deles, vamos ver onde os podemos atacar”?
 
O novo lema do PCP parece ser “a organização é tudo as ideias não são nada”. E a organização é uma concepção dogmática de partido, uma negação a debater o materialismo e a dialéctica, uma fé que não se discute. É por isso que não conseguem perceber o Bloco. Os comunistas, ainda mais os de agora, não têm receio de questionar – antes o procuram fazer, não perdem o rumo porque não estão desorientados entre a estratégia e a táctica, procuram alianças porque não fazem política para sua auto-justificação mas para enfrentar um poderosíssimo inimigo de classe, procuram a interacção com a vida, a luta e os lutadores, porque sabem e se esforçam por aprender.
 
A ideologia do PCP é um frágil castelo de cartas e está transformada numa caricatura. De Angola à China, da Coreia ao Vietname (…) os interesses antagónicos de classe desaparecem na adoração oca da palavra comunismo. O Partido está resumido a uma identidade simplificada: o partido é dos trabalhadores, os sindicatos são dos trabalhadores, os sindicatos são do partido. Compreende-se que, por isso, a democracia esteja cada vez mais arredia do movimento sindical.
 
Independente do debate ideológico e político normal não nos move uma política anti-PCP. A nossa política é anti-capitalista, é socialista. Essa é a política espelhada nas resoluções das Convenções do Bloco, não nas diabruras de um qualquer aderente, enfrenta o capital naquilo que é o centro da sua política, enfrenta e ataca o conservadorismo herdado do salazarismo nos conceitos ideológicos e reaccionários feito de discriminações e exclusões. E tudo isso é construção ideológica.
 
O PCP não percebe, talvez seja por isso que faz acordos de poder com o PSD nas autarquias locais.

Victor Franco

 
 

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