Uma declaração de guerra encoberta pela defesa da Paz |
Segunda, 18 Outubro 2010 | |||
O comunicado da Campanha «Paz sim! NATO não!», divulgados no site do CPPC e da Campanha, é uma declaração de guerra às pessoas, aos movimentos e às organizações que pensavam juntar-se à manifestação a realizar dia 20 de Novembro mas não fazem parte das organizações admitidas pela organização. Artigo de Ana Cansado No próximo mês de Novembro irá realizar-se em Lisboa a Cimeira da NATO que discutirá entre outros temas o conceito estratégico da Aliança. A NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), por vezes chamada Aliança Atlântica, é uma organização internacional de colaboração militar que tem um papel activo na maioria dos conflitos militares que ainda hoje devastam diferentes povos no mundo. Sempre que esta organização se reúne as pessoas, os movimentos e as organizações que defendem a PAZ, o cumprimento da Carta das Nações Unidas e o primado do direito internacional, procuram organizar eventos alternativos para pedirem o fim da organização, denunciarem o seu desrespeito pelo direito e pelos povos. Em Portugal também diferentes pessoas, movimentos e organizações iniciaram actividades como seminários, conferências e manifestações, para marcar a opção do povo português que ao contrário do seu governo não quer Portugal numa organização internacional de colaboração militar. Até dia 13 de Outubro éramos todos livres de participar nos eventos organizados em nome da PAZ. Contudo, no dia 13 de Outubro, a Campanha em defesa da paz e contra a Cimeira da NATO em Portugal, conhecida como Campanha «Paz sim! NATO não!», que convocou, promove e organizará uma manifestação dia 20 de Novembro, para a qual apelou à participação de todos os portugueses amantes da paz, resolveu excluir deste convite outras entidades que não integram a «Campanha Paz sim! NATO não!» apesar de nunca as ter convidado a participar em qualquer actividade da mesma. O comunicado divulgado nos sites do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e da própria Campanha nesse dia é vergonhoso pois não só excluí abertamente a Plataforma Anti-guerra, Anti-NATO (PAGAN), que com actividades próprias, tem estado do mesmo lado da Campanha «Paz sim! NATO não!», mas revela também uma enorme fraqueza ao achar que esta, ou eventualmente outras organizações, seriam capazes de instrumentalizar o trabalho feito pela Campanha «Paz sim! NATO não!». Esta atitude levanta também uma dúvida sobre o que esta campanha pretende ser pois se o objectivo de ambas as organizações é promover a PAZ e o fim da NATO não há lugar a instrumentalização mas sim a cooperação. O que me leva a questionar se os elementos da Campanha «Paz sim! NATO não!» sabem que a principal forma de evitar conflitos é a comunicação aberta e a cooperação. Por fim o tom ameaçador do comunicado, que informa que fará o necessário para que a manifestação por si convocada seja aquilo que a Campanha quer que seja e com quem querem, é uma declaração de guerra às pessoas, aos movimentos e às organizações que pensavam juntar-se à manifestação a realizar dia 20 de Novembro mas não fazem parte das “mais de 100 organizações de um diversificado e largo espectro” que foram admitidas pela organização da Campanha «Paz sim! NATO não!». O sectarismo demonstrado pela organização da Campanha «Paz sim! NATO não!» apenas serve os interesses do governo português e da NATO. A manifestação a realizar dia 20 de Novembro corre o risco de ser uma pequena demonstração de pureza de um pequeno grupo mas não servirá certamente a causa da PAZ nem os interesses dos oprimidos pelas guerras e espero que as associações que uniram sob a bandeira da Campanha «Paz sim! NATO não!» reflictam sobre o caminho a seguir. A PAZ precisa de solidariedade, fraternidade e representatividade e não de puro sectarismo.
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
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