Coreia do Norte, ignóbil farsa ao comunismo |
Terça, 12 Outubro 2010 | |||
A história humana é marcada por algumas transições decisórias. Uma delas foi quando o artesanato se separou da agricultura provocando um crescimento da produtividade e da produção e constituindo aquilo a que Engels chamou de «segunda grande divisão social do trabalho». Posteriormente, com o desenvolvimento da utilização dos metais preciosos como mercadoria-moeda e a proliferação da escravatura foi-se desenvolvendo a transição para a propriedade privada da terra e para a monogamia; a diferenciação entre ricos e pobres começou a destacar-se. O uso da guerra para usurpação de terras, riquezas e escravos tornaram as localidades fortificadas e necessários chefes militares mais fortes. «A eleição habitual dos seus sucessores nas mesmas famílias, sobretudo a partir da introdução do direito paterno, passou gradualmente a ser sucessão hereditária – tolerada a princípio, depois exigida, e finalmente usurpada; com isso, foram fixados os alicerces da monarquia e da nobreza hereditária»*. A monarquia, que levou uma machadada decisiva com a revolução francesa e a vitória da burguesia sobre o feudalismo, manteve-se até hoje, mesmo em países modernos, tornando-se um elemento aglutinador e simbólico de alguns regimes capitalistas. A monarquia foi mantida como valor de uso para a estabilidade do regime, a alienação das massas, a permanência de uma entidade nacional que representa a nação e se coloca acima dos partidos – ou seja, acima da democracia e acima de todos. Ao mesmo tempo a burguesia assegura a naturalidade da desigualdade entre os seres humanos e a naturalidade do privilégio, inclusive o hereditário, – valores ideológicos fundamentais no capitalismo. Os marxistas, defensores do fim das opressões, das desigualdades e dos pretensos direitos divinos ou reais só podem rejeitar a continuação desta aberração que a burguesia incorporou. Os marxistas ao defenderam a igualdade entre todas as pessoas pretendem a abolição de todos os privilégios de classe e, claro, os de hereditariedade. É, pois, extraordinário que quem se afirme comunista seja capaz de o fazer calando-se a estas farsas ignóbeis sobre o comunismo, como as da Coreia do Norte. O grotesco processo de sucessão só pode fazer corar de vergonha quem apoie a ditadura norte-coreana. Quando um seu chefe militar afirma «o nosso povo não podia ter recebido maior honra do que servir o grande presidente Kim Il-sung e o grande líder Kim Jong-il. Agora teremos a honra acrescida de servir o jovem general Kim Jong-un»** todos os bombos do mundo deviam troar nos cérebros daqueles que transformaram o comunismo numa fé. Este processo de transição na ditadura norte-coreana está a servir à burguesia internacional e aos seus opinion makers para ridicularizarem o comunismo e anularem ideologicamente a única alternativa ao capitalismo. Que alguns persistam na cegueira de lhes fazer o frete é absolutamente inacreditável. Victor Franco * Engels, Friedrich: A origem da família da propriedade e do estado. ** Jornal Público, 11 de Outubro.
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A Comuna 33 e 34
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