O PS quer sair do governo porque vem aí o FMI e vai ser bom estar na oposição nessa altura a ouvir a cantilena do costume (nessa altura vinda do PSD): "não sabíamos que a situação do país estava tão mal, o PS mentiu nas contas e afinal é preciso subir ainda mais os impostos. Pedimos desculpa",

O PSD quer ser governo o mais rápido possível seja qual for a situação, porque os boys de Passos Coelho precisam de pagar as contas. Afinal há uma crise que chega a (quase) todos.

O PS vai virar à esquerda (coisa mais fácil na oposição) com um novo secretário-geral (Sócrates finalmente parece cansado) provavelmente António José Seguro.

O PSD vai acabar por tentar meter o CDS/PP no bolso, pois não se pode dar ao luxo de governar (em tempos de crise) sem a garantia de uma maioria absoluta. E isto não será difícil (afinal os boys de Portas também têm que pagar contas).

O PS vai tentar meter o Bloco de Esquerda no Bolso, na defesa do estado social, dos serviços públicos, contra as privatizações e dirão "quem não alinhar está a fazer o jogo da direita, são sectários, radicais e esquerdistas".

O PSD vai conseguir atingir finalmente o velho sonho de Sá Carneiro "um presidente, um governo, uma maioria". O que vai abrir caminho a uma certa revisão constitucional já conhecida.

Portugal mergulha na crise, entra em recessão, é expulso da zona euro, privatiza o que falta privatizar hipotecando o seu futuro.

A classe média é atirada para o convívio com a pobreza, tenta ir ao banco levantar as suas parcas poupanças, afinal o dinheiro não existe. Tenta protestar, mas não há organização nem consciência de classe, a revolta parece sem sentido. O Bentley e o Clio são virados e queimados sem discriminação.

"Até quando você vai levando porrada, porrada? Até quando vai ser saco de pancada?"*

A greve geral é, neste momento, a ferramenta essencial para inverter esta previsão. Como se não houvesse amanhã, porque é o amanhã que está em causa.

Alex Gomes

*Letra da música: Até Quando? autores: Gabriel o Pensador, Itaal Shur e Tiago Mocotó.