Olhando para o momento político em que nos encontramos, facilmente concluímos que a esquerda tem em mãos um dos cenários mais gravosos a que podíamos estar submetidos, mas tem também em mãos uma oportunidade única para criar movimento social e exigir transformações sociais concretas. O cenário é evidentemente negro, foi anunciado o novo pacote de austeridade, recessivo e que estabelece uma escolha política, a de ir buscar recursos a quem menos tem, os cortes na acção social para o ensino superior são uma realidade já no terreno, a guerra imperialista avança a ritmo desenfreado, o PSD ganha base eleitoral e planeia hipoteticamente o seu sonho – um governo, um presidente, uma maioria -, para avançar com a revisão constitucional que planeiam há anos. E perante tudo isto como reage a esquerda e como reagem os movimentos sociais?
Não sou daqueles que acha que quanto pior, melhor, quanto pior viverem as pessoas melhor, porque mais revolta irá surgir e mais acção daí irá advir. Mas sou daqueles que acha que perante o estado em que nos encontramos, chegámos ao momento em que a esquerda e os movimentos sociais têm que provar a sua existência. Chegou, até, o momento de quebrar o medo. Todos os dias pessoas estão a ser despedidas, os subsídios sociais estão a ser cortados, os impostos aumentados, os serviços públicos a ser privatizados, o Estado a entregar ao mercado a vida das pessoas. As pessoas não podem ter medo, porque tudo o que elas receavam já está acontecer e portanto só existe uma solução, sair à rua e lutar por outras respostas.
Dia 24 deNovembro, temos em mãos uma greve geral, que tem que ser vitória. E a esquerda deve empenhar-se fortemente nessa luta e ampliar um consenso social de luta por futuro melhor. Dia 17 de Novembro, temos em mãos, uma manifestação nacional pelo ensino superior, mais uma oportunidade de dizermos não ao desinvestimento no futuro e à elitização das Universidades e do conhecimento. Dias 19 e 20 de Novembro temos a Contra Cimeira da NATO, uma ocasião impar para resistir contra a guerra e as políticas belicistas da NATO. Pelo meio a Cultra organizará um debate sobre o papel da NATO, a resistência às portagens nas SCUT vão continuar, e muitas outras formas de luta vão emergir.
Todas estas lutas, bem diferenciadas, mas que põem em cheque o modelo de desenvolvimento escolhido vão mobilizar milhares de Portugueses, e isso não pode ser em vão, todas estas jornadas tem de ser aproveitadas para uma mobilização crescente contra o este modelo de desenvolvimento que é errado, que prejudica sempre os mesmos, e que é conivente com a guerra aos povos.
E neste quadro de lutas, a candidatura do Alegre pode ser fulcral. Ter um presidente de esquerda capaz de condenar a destruição do Estado social, dos serviços públicos, a elitização do ensino e as acções imperialistas ao invés de um presidente de direita, conversador, que não só é conivente como apoia integralmente estas políticas, é uma oportunidade ouro. E nós não a podemos perder, não hoje, não agora!
Vamos à luta!
João Mineiro
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