Um cocktail laranja/rosa |
Terça, 05 Outubro 2010 | |||
O PSD sabe que a Revisão Constitucional ainda é o único travão às políticas neoliberais que preconizam menos estado e mais acumulação de quem já tem muito. Artigo de Paulo Cardoso Alberto João Jardim há muito que aponta o dedo à constituição acusando-a de ser esse travão, e tem toda a razão. O PS tem contornado a Constituição promovendo cedências da saúde e da educação aos privados enquanto promove leis do trabalho ambíguas e injustas. A Sócrates, no momento não lhe interessa falar em revisão da constituição, da mesma forma como não fala da regionalização. No entanto, lá vai implementando o seu modelo aos poucos. A revisão laranja, sem dúvida, quer permitir de vez o que o governo PS tem promovido de forma encapotada. Ambos, e a União Europeia pretendem esvaziar os poderes, as garantias e a capacidade de regulação do poder económico por parte dos estados. Trata-se de obedecerem cegamente a uma Europa centralizadora e manipuladora para defender os interesses capitalistas, únicos culpados de uma crise que se atribui agora habilidosamente aos Estados. Esta Europa preconiza uma Flexisegurança sem segurança, onde só fica a flexibilidade que o capital tanto anseia. Foi visível o “salivar” desta classe após os dados anunciados de que Portugal tem problemas de produtividade. Desvalorizando que já somos bastante flexibilizados, vieram a terreiro reclamar mais precariedade como solução. Nesta ânsia de revisão está patente ainda o desejo de fazer cair o combate ao imperialismo, entre outras formas de agressão. Mostram claramente, que pretendem continuar a passar cheques em branco aos EUA/Nato, para as suas odisseias imperialistas, dando incentivo a exércitos privados, autênticas empresas mercenárias, como a Blackwater. Devemos exigir medidas urgentes para a crise financeira mundial e a instabilidade político – militar em especial do Médio Oriente. Obama e Barroso devem responder por isso. Para nós o encontro das Lajes manchou o nome de Portugal e o PS mostrou a posição quando se absteve na votação de reprovação a esse encontro fazendo o seu papel dúbio. A Banca lucrou em 2009 cinco mil milhões de euros, o que dá, catorze milhões por dia, sujeito a um imposto simpático e passível de fuga para offshore. – É a crise… Mas a crise ainda dá para aumentar o número de assessores de imprensa do Ministério das Finanças, compra de submarinos, veículos anti-motim que a GNR até disponibilizava e pasme-se o mais distraído, a compra de um veículo de alta cilindrada para a cimeira da Nato pela módica quantia de 134 mil euros… Das taxas moderadoras ao aumento custos com a educação, em especial nas propinas, os portugueses vêem-se confrontados em toda a escala com enormes despesas que os seus rendimentos não suportam, obrigando-os a recorrerem ao crédito, caindo assim na armadilha neoliberal quando todos já esqueceram que os portugueses perderam poder de compra com a entrada do euro. Os balcões de crédito bancário já invadiram os espaços da escola pública. Com o fantasma do FMI, lá vão acenando com mais crise para os mesmos, sacrificando os que não têm culpa. As recentes declarações draconianas de Sócrates contradizem com as expectativas que criou, as políticas que aprovou e até a indignada declaração que fez ao condenar o capitalismo puro e duro quando rebentou a crise internacional reconhecendo a sua culpa. No entanto, agora, assimila em toda a escala o modelo capitalista onde a democracia asfixia, disfarçada por um “faz de conta que é uma espécie de democracia”. Desta forma continua-se a promover a receita europeia de tratados e leis, brindados com um “porreiro pá”, neste cocktail político laranja/rosa que vai servindo os senhores do mundo, ou melhor o império global sedento de capital.
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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