“É
perigoso o tipo de governo estabelecido por Sócrates: são sempre os
mesmos que detêm a autoridade, o que pode ser causa de revolta (…)”
Política livro II – crítica da propriedade comum dos bens, Aristóteles
Artigo de Francisco Silva
No passado dia 29 houve uma manifestação contra as políticas de austeridade que o governo implementou, os famosos PEC.
No
mesmo dia, enquanto milhares de trabalhadores se dirigiam para casa,
ainda na ressaca da manifestação, Sócrates decide numa atitude
reaccionária, cobarde e despudorada apresentar mais uma série de medidas
de austeridade.
Esta atitude tem duas importantes componentes políticas que gostaríamos de debater.
São elas a ideia e o método.
A
ideia base já a conhece: no seguimento do que tem sido sugerido pelos
astrólogos da economia, foge à crise quem pode, paga a crise quem deve.
Quem
pode fugir à crise? A alta finança que na sua senda gloriosa pela
acumulação expôs a autofagia do sistema e revelou que a sua máquina
alimenta-se de pessoas.
O
Capitalismo de rosto humano espelhado no fim da história deixou cair a
máscara por um instante e revelou na sua nudez algo que uns poucos já
diziam, mas que no fundo ninguém queria acreditar: para se obter uma boa
colheita de capital, é preciso debulhar centenas e centenas de hectares
de seres humanos.
Quem deve pagar a crise então aos olhos desta ideologia são as pessoas.
O
cidadão comum que não consegue fugir de maneira nenhuma à extorsão de
um Estado que todos os dias deixa escorrer milhões pelas malhas largas
dos offshore.
Um
Estado que no centenário da República apresenta uma corte clientelista
de boys and girls que faria corar de vergonha todos aqueles que lutaram
para escrever há 100 anos um ponto final na história da monarquia em
Portugal.
O método traz-nos também de volta ao tempo das princesas.
Fechado
na sua torre e rodeado do seu exército, o príncipe déspota (Sócrates)
que tomou o poder após ter assassinado o seu pai (PS), em conluio com o
outro herdeiro ao trono (P. Coelho) que também assassinou o seu pai
(PSD), apresentou a receita para pôr em ordem o tesouro real que
desbaratou nos seus luxos, festas e ostentações.
Apresentou-o
quando os camponeses regressavam a casa depois de um protesto contra as
suas taxas injustas e cada vez mais insuportáveis.
Com
este método cobarde, os principezinhos esperavam que os camponeses
ganhassem consciência que cada protesto apenas iria servir para aumentar
as suas penas, como se fosse uma espécie de punição pela sua
impertinência.
Na
sua inexperiência política não percebem ou não querem perceber que os
portugueses já demonstraram diversas vezes ao longo da sua história que
não suportam ser acossados.
Até agora temos tido um povo que compreendeu e aguentou tudo o que lhe foi sendo imposto.
Com este novo método arriscamo-nos a ter mais uma revolução Republicana contra a corte de irresponsáveis que governa este país.
Quando cada Ministério é um parque de diversões e quem paga as voltas são sempre os mesmos, Sócrates cria um governo perigoso.
Não é só para a soberania e tesouro do País que o governo de Sócrates é perigoso.
O príncipe perfeito e a sua corte estão agora também em risco.
Os
camponeses acossados já marcaram nova manifestação vamos ver quanto
tempo irá passar até que as manifestações se transformem em cerco e
exijam o exílio da corte e o fim da monarquia.
É
perigoso o tipo de governo estabelecido por Sócrates: são sempre os
mesmos que sofrem com a austeridade, o que pode ser causa de revolta.
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