Notícias bombásticas Versão para impressão
Segunda, 13 Setembro 2010

Há notícias que são bombas demolidoras de uma estrutura de pensamento ou de um dogma… Essas notícias são fotografias da cruel realidade. E aqui estão:

Primeira. O IAPMEI injectou 5 milhões de euros num grupo económico, o Grupo Mesquita, apesar de já saber que estava em morte iminente. Apesar dos pareceres negativos dos técnicos, o ministro da economia de então, Manuel Pinho, decidiu-se pela oferta. O processo foi feito através de empréstimos (suprimentos) colocados como créditos subordinados ficando, tal como o nome o indica, subalternos perante os interesses da banca; esta é prioritária na reclamação de créditos superiores a 100 milhões de euros.

Segunda. Os magistrados do Supremo Tribunal Administrativo fixaram jurisprudência sobre a tributação das manifestações de fortuna de modo, como demonstra o jornal Público, a «consentir a evasão fiscal das fortunas». Se «a Lei 30-g/2000 passou o ónus da prova para o contribuinte no caso das manifestações de fortuna, o acórdão parece resultar numa nova inversão, obrigando o fisco a provar que o contribuinte omite rendimento ao recorrer ao crédito. Só que essa prova apenas será possível pelo acesso às contas bancárias, o que – como naqueles casos – é negado pelos contribuintes investigados». Recorde-se que o segredo bancário foi suprimido para os beneficiários de apoios sociais.

Terceira. O governo irlandês foi pioneiro a cumprir os mandamentos neoliberais e endividar-se em larga escala para salvar os bancos e os mafiosos da finança. As medidas brutais incluíram um corte de 10% nos salários da função pública. Parece que tudo isso já foi inglório. «Em 2010, o défice público deverá ser superior a 10%, pior do que o da Grécia, e a economia voltará a contrair-se». O Anglo Irish Bank, que o Estado nacionalizou para evitar a falência, precisa agora de MAIS 25 mil milhões de euros para não falir, valor que representa 19% do PIB e 2/3 da receita fiscal anual. Os economistas Peter Boone e Simon Johnson afirmaram «que, a este ritmo, em 2015, a cada família irlandesa corresponderá uma dívida pública de 200 mil euros»… Mas o governo tranquiliza: é impensável deixar cair um banco.

Cada uma destas notícias fala por si, em conjunto elas mostram como a brutalidade da financeirização da economia capitalista tornou o Estado numa portentosa máquina ao serviço de uma elite minoritária. Confrontadas com as notícias que impõem sucessivos sacrifícios aos pobres, aos trabalhadores, relatam a contínua destruição das conquistas sociais ou o alastramento da fome e da pobreza elas mostram como esta contradição se torna hoje tão clara, evidente e primordial.

O Estado moderno, altamente complexo e desenvolvido, tem pouca semelhança com o que serviu de olhar e crítica a Marx e Engels. Também por isso as respostas sobre o papel e os conteúdos do Estado não podem permanecer imutáveis e fora do fogo da dialéctica.

No Estado moderno, na democracia capitalista, o cidadão possuído da conquista do voto universal, pode dispor momentaneamente de um acto de poder. Mas esse acto é logo tornado inútil por um Estado desapossado da responsabilidade do bem da maioria em benefício de uma minúscula minoria e dirigido pelas várias “correias de transmissão” – os partidos do regime - que se intercalam na execução prática dos interesses burgueses. É assim na democracia burguesa.

Reflectindo sobre a Comuna de Paris, Marx disse que «o poder de Estado assumia cada vez mais o carácter do poder nacional do capital sobre o trabalho, de uma força organizada para a escravização social, de uma máquina de despotismo de classe». A vida moderna continua a dar-lhe razão.

O despotismo do Estado do parasita, do Estado da minoria, será um dia demolido pela maioria - para criar o ESTADO DA MAIORIA. O dogma capitalista cairá.

Victor Franco

ler as notícias na íntegra aqui, aqui e aqui.

 

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