Capitalismo Agressivo |
Terça, 30 Agosto 2011 | |||
A incapacidade das elites burguesas em gerar soluções em plena crise capitalista está à vista de todos, a alternância nos diversos países do eixo ocidental tem feito o seu caminho com a mesma fluidez que se degrada o regime. Europa e Estados Unidos enfrentam agora os dilemas de como superar o problema da crise soberana. Na europa o Banco Central Europeu quebra os seus dogmas e admite comprar divida soberana para responder à crise Espanhola e Italiana (o Bloco de Esquerda propôs semelhante processo para Portugal através da CGD) e nos EUA as agências de rating, que até então serviam de protetorado do dólar, vêem se obrigadas a descer (ainda que continue com avaliação bastante positiva) o rating da dívida pública norte americana. Quando o capital começa a pisar os seus dogmas é porque o cenário é mesmo grave, as nacionalizações de bancos privados falidos foram a ante-câmara desta crise sem paralelo. Pedro Passos Coelho tirou um tempo das suas férias para dizer que sacríficios há muitos na calha, já sinais de recuperação económica e emprego ficam para as calendas. Uma maioria no parlamento de partidos que subscreveram o programa da troika e no entanto a capacidade de resposta está espelhada no facebook de Primeiro Ministro: não existe. Onde andam os arautos da estabilidade? Depois de uma maioria absoluta PS de 4 anos e de 2 anos de maioria relativa onde PSD e CDS aprovaram PECs e Orçamentos (só interrompida pela sede de ir "ao pote"), agora com uma maioria absolutíssima de partidos pró-troika e cumprido o sonho da direita...como explicarão o fracasso político e económico de uma maioria tão esmagadora? Mas na ausência de soluções, a violência social assume contornos que erguem túmulos em Santa Comba Dão. Desempregados obrigados a trabalhar à borla, cortes diretos e indiretos nos salários como é exemplo a subida dos preços dos transportes públicos. Isto enquanto a dívida pública continua a assumir os encargos das negociatas privadas. Percebemos hoje que o caso do BPN é fraude múltipla. O banco que financiou a compra das ações da Galp a Américo Amorim não recebeu o dinheiro emprestado. Estando o buraco a ser pago pelos trabalhadores portugueses, percebemos como os bons negócios são pagos em duplicado e que, por oposição à ideia de fraude isolada, o BPN é a face da fraude do sistema. Resumindo, os portugueses perderam quando o estado vendeu as ações da Galp a Américo Amorim porque, perdendo o Estado as receitas enquanto acionista de uma empresa monopolista em troca de receita de curto prazo a súbida de impostos para compensar essa perda era previsível. Como o bloco central não taxa o capital a fatura ficou para ser paga pelo trabalho. Mas a estória não acaba por aqui. Os 1600 milhões de euros que serviram de empréstimo para que Amorim adquirisse a posição acionista que lhe permite obter dividendos do lucro da Galp não foram pagos. E para quem é que ficará essa fatura? Mesmo que seja o BIC a assumir essa dívida da Amorim Energia, na prática como o acionista maioritário do BIC é a Santoro Holding Financial que, por sua vez, é acionista da Amorim Energia trata-se de o devedor liquidar a dívida pagando a si mesmo. Dado o calibre das personagens, não me admirava que ao pagar a dívida o banco BIC ainda viesse dizer que estava a capitalizar o banco. Bem se percebe a insustentabilidade do Estado Social, quando a sua função passa a ser a de sustentar as maiores fortunas do país este torna-se indiscutivelmente insustentável. Amorim, o rei da lumpen burguesia. O BPN vai ser entregue ao banco BIC, de Amorim e Isabel dos Santos, por 40 milhões tendo a coligação PSD/CDS comprometido o Estado a capitalizar o mesmo em 550 milhões de euros, a suportar os custos indemnizatórios do despedimento de metade dos trabalhadores do BPN e a suportar o buraco de 2400 milhões de euros. Belo negócio este cozinhado em Luanda por Paulo Portas, mais um troféu a somar aos 1000 milhões de euros dos submarinos. João Dias
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
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