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Terça, 22 Maio 2012 | |||
Tudo em aberto para a Syriza, até a disputa do primeiro lugar nas eleições de 17 de Junho. Obviamente, já começaram as pressões do FMI, do G8, dos EUA, da UE e até dum sujeitinho que dá pelo nome Durão Barroso que, se tivesse um pingo de vergonha, teria desaparecido numa fumarola dos Açores… Artigo de Alberto Matos Olhando os títulos dos jornais e os noticiários, no rescaldo das eleições gregas e da tentativa falhada de constituição de governo, parece que um novo fantasma percorre a Europa: a Syriza. Vale a pena desvendar o mistério por trás deste nome estranho, já que as sondagens para as próximas eleições de 17 de Junho assinalam uma notável subida da Syriza, acima dos 20% e em disputa cerrada pela vitória com o partido da “Nova Democracia”, ou seja, a velha direita. Não deixam de ser curiosos a surpresa e o empertigamento contra a “ameaça da esquerda radical”, por parte dos mesmos analistas e comentadores que ignoraram ou escarneceram do sofrimento imposto ao povo grego nos últimos três anos. É a ignorância de quem acha normal e inevitável a austeridade, os cortes radicais de salários e pensões, um desemprego radical acima dos 20%, o programa radical de privatizações, a espiral da pobreza e da dívida que conduziu ao segundo resgate. Para quem nunca vislumbra alternativas, não serviram de alerta mais de uma dúzia de greves gerais. Quando muito, reduziam o descontentamento dos gregos a agitadores violentos e isolados. Daí a estupefação perante a estrondosa derrota dos partidos da troika que estiveram juntos no governo. Chamado a formar governo após o falhanço do partido mais votado, o que propôs a coligação de esquerda Syriza? Obviamente, um governo de esquerda tendo como eixo do programa o rompimento com a austeridade e as imposições da troika, a prioridade ao emprego, ao crescimento económico e à justiça social. Esta proposta, dirigida aos restantes partidos de esquerda, foi infelizmente rejeitada: desde logo pelo PASOK que continua amarrado aos dois resgates que assinou; mas também pelo KKE que defende a saída da UE e do euro de forma tão abrupta que nem o PCP preconiza para Portugal. Depois desta atitude responsável e pró-ativa, a Syriza manteve a firmeza e a lucidez de recusar tentativas de última hora para impor um governo de “salada russa” e da confiança da troika, mantendo-se fiel aos seus compromissos com o eleitorado. E agora? Tudo em aberto para a Syriza, até a disputa do primeiro lugar nas eleições de 17 de Junho. Obviamente, já começaram as pressões do FMI, do G8, dos EUA, da UE e até dum sujeitinho que dá pelo nome Durão Barroso que, se tivesse um pingo de vergonha, teria desaparecido numa fumarola dos Açores… O que mais lhes dói é que a Syriza não defende o isolamento da Grécia e a saída da UE, nem sequer do euro. Pelo contrário, coloca-se na dianteira da luta dos povos por uma outra Europa, já que o capitalismo nos levou à beira do precipício. Do povo português e dos povos europeus espera-se uma solidariedade ativa com a democracia grega. O centro financeiro da Alemanha, em Frankfurt, foi ocupado por manifestantes que afirmam “somos todos gregos” e se propõem “criar uma, duas, três, muitas Grécias” para cercar os especuladores e os seus representantes nos governos e nas instituições europeias. Alberto Matos
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