AS ESCOLHAS |
Terça, 22 Maio 2012 | |||
O alomorfismo[1] liberal é o novo paradigma do capitalismo que verborreia os fantasmas da esquerda para encobrir a assertividade e a denuncia do fracasso da Europa; dos tratados e da austeridade draconiana que sentencia a economia europeia. Não faltam os efeitos especiais dos comentadores a ofuscar a realidade e a manipular aqueles que se habituarem a consumir “banha da cobra” sem questionar o populismo reacionário. A crise encaixa-se numa estratégia para assegurar a soberania política neoliberal com um euro que surgiu à medida de alguns e o BCE para dar garantias à banca. O imperialismo joga os seus trunfos numa guerra em que o capitalismo tem tudo a seu favor, apesar do desnorte europeu aumentar, com o partido de Merkel a sofrer derrotas e a contestação a crescer de tom. Este plano está em remodelação e não faltam os movimentos a tentar fragmentar quem sempre contestou os autores da crise e dos tratados impostos à força. É a luta que se avizinha… Muito se comentou acerca da situação da Grécia e pouco se fala das verdadeiras razões da situação a que chegou com a cumplicidade dos partidos N.D. e Pasok que traíram o povo e forçaram um governo tecnocrata a quem, há 2500 anos inventou a democracia que prossupõe o poder do povo. Agora impera a chantagem com a ameaça da condenação e a expulsão dos gregos do Euro, vítimas do austeritarismo[2] e conservadorismo. Os líderes Europeus aguardam impotentes pela saída da Grécia da moeda europeia anunciada por Christine Lagarde, incomodada com a hipótese do acordo ser renegociado e de toda a estratégia de usurpação cair por terra. A diretora do FMI promete agora carregar nos portugueses para substituir os gregos, enquanto os espanhóis já fazem soar as sirenes em Bruxelas… O “papão da esquerda radical que rasga, que é irresponsável”, quer fazer esquecer os gregos que os principais responsáveis, são aqueles que vociferam contra a esquerda do Syriza. Esta esquerda que resiste às pressões e contesta os odiosos programas apoiados numa austeridade brutal passa ao ataque. Portugal tem seguido os mesmos passos da Grécia e as perspetivas de sair da crise fazem parte de um conto para distraídos que já embalou muitos gregos, até acordarem desesperados. E se a “esquerda radical” em Portugal conseguir convencer os portugueses de que têm sido enganados, que caminhamos para o abismo e para a expulsão do euro? E se esclarecer os europeus que estamos a ser explorados por uma burguesia parasita? Vamos ter decerto os gurus iluminados a bater ainda com mais força em quem tem denunciado e desmascarado a hipocrisia e o cinismo em vigor. E se o embusteiro bipartidarismo do PS/PSD com a muleta do CDS forem penalizados por terem permitido os níveis altíssimos de corrupção e a apropriação de setores estratégicos através dos donos de Portugal que mandam no país tal como acontecia antes do 25 de Abril? Os mercados querem assegurar as rendas financeiras impostas e alicerçadas em brutais sacrifícios. Para isso atemorizam os gregos e a Europa pela via económica que resulta no autoritarismo financeiro para substituir a democracia. A resposta assenta numa onda de contestação na Europa e tal como os gregos temos de fazer escolhas sem medo dos papões criados pela burguesia chantagista, porque afinal trata-se de escolhermos entre a cleptocracia e a democracia. Da euforia de Hollande à indigestão dos resultados do PASOK, as “esquerdas do PS”, andam desorientadas com um líder que não é oposição e não rompe com o neoliberalismo, como se viu nas alterações das leis do trabalho e da aceitação do tratado. Mas, criar unidade pressupõe um objetivo, definições e decisões sustentadas num projeto político… Não podemos por isso encalhar também em manifestações apolíticas, porque o assunto é político; dizer que é tudo igual, dá jeito a quem desgoverna e fazer de conta que não vemos, não ouvimos e não lemos, é fazer de conta que somos irracionais. Desvalorizar a consciência política, dá força a quem afirma que a esquerda está dividida e desconsidera quem se esforçou por convergências. Temos de sair da defensiva para passar ao ataque, estamos perante as escolhas! Paulo Cardoso
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
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