O nosso dever moral Versão para impressão
Quinta, 02 Maio 2013

estadosocialNos Estados Unidos, na década de 60, durante uma luta acesa pelos direitos civis, Martin Luther King disse "É nosso dever moral, e obrigação, desobedecer a uma lei injusta."Gostaria de resgatar esta afirmação que, quando analisada de um ponto de vista geral, continua a fazer sentido, fazendo dela intemporal e abrangente a vários setores de luta social.
Fazendo a retrospetiva daquilo que têm sido estes 13 anos do séc. XXI podemos observar uma sociedade em declínio, pobreza, fome, conflitos entre outras calamidades sociais. Como em tudo na vida, toda a ação tem uma consequência. E questionar essa ação, esse motivo, é necessário. É necessário para compreender aquilo que nos levou a esta destruição. Resgatar as nossas vidas é um imperativo nos dias de hoje.
Durante o século XX, observamos, na Europa, a diferentes modelos desenvolvimento, com resultados claramente diferenciados. Países como a Finlândia, a Noruega e a Suécia mostram índices de desenvolvimento económico e sociais elevados. Porque razão é que na maioria dos países da Zona Euro isto não se verifica? E a resposta está numa palavra que se tem ouvido agora, mais do que nunca nestes últimos anos, o Estado Social.
Garantir que o Estado recetor de impostos consegue ser o redistribuidor de riqueza, de forma a que todas as pessoas possam ter acesso à educação, à saúde, à habitação, ao rendimento mesmo em casos de desemprego ou doença é fundamental para que as sociedades evoluam e dita de forma decisiva o desenvolvimento económico e social de um país . É através da boa gestão deste mesmo Estado Social que um país dita o seu triunfo enquanto unidade nacional ou o seu falhanço e todos os problemas adjacentes.
Depois da Segunda Grande Guerra, a burguesia soube o que tinham de fazer para responder à enorme revolta social que varria a Europa. Porque já os antigos diziam: "Mais vale um pássaro na mão, do que dois a voar". Permitiu-se assim o desenvolvimento de Estados fortes que garantiam aos povos o acesso aos serviços e aos bens básicos para a sua sobrevivência e desenvolvimento. E como era de esperar a evolução aconteceu.
Mas isto chateia quem detêm o poder, isto equilibra a luta de classes e a hierarquia social. Na década de 80 surge o neoliberalismo com o claro intuito de desequilibrar novamente os pratos da balança. Começa a grande propaganda desta máquina doente que vê no ser humano nada mais do que uma força para gerar riqueza; surgem as privatizações desenfreadas, o livre-mercado, a exploração e com isto a balança social volta a desequilibrar-se.
Por demasiados anos o povo explorado compactuou com isto, muitas vezes de forma inconsciente, elegendo aqueles que se diziam "amigos do povo". A raposa tomou conta do galinheiro. Vimos a educação pública cair, a saúde a ser afetada e a tornar-se mais cara, o poder de compra a diminuir e por aí fora... Tudo isto engordando as gravatas daqueles que as usam e furando os bolsos do operário na busca de mais um "tostão" para responder a estes interesses económicos que ditam uma era de declínio e miséria.
Temos que olhar para a história para compreender o presente, caso contrário, estamos condenados a repeti-la.
Não será esta a hora de dizer basta? Não será esta a hora de alimentar a chama da luta de classes, outrora tão viva e ardente, em nome da qualidade de vida? Acima de tudo está na hora de resgatar o nosso dever moral, e combater estas leis injustas, e esta desigualdade que nos impõem.

 

Pedro Alves

 

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