O(a)s professore(a)s, quando lutam, também estão a ensinar! |
Quarta, 19 Junho 2013 | |||
Esta luta tem uma importância vital para a luta pela democracia e contra a austeridade e prepotência porque como se podia ler em alguns cartazes o(a)s professore(a)s, quando lutam, também estão a ensinar!
No dia 7 de Junho o(a)s professore(a)s iniciaram uma greve às reuniões de avaliação demonstrando a força da classe profissional e o seu empenho na defesa da escola pública. Estas greves repetiram-se nos dias 11, 12, 13 e 14 de Junho. A adesão dos docentes foi massiva e praticamente não se realizaram conselhos de turma. A organização e a solidaridaredade entre colegas foi notável uma vez que o(a)s professore(a)s de cada conselho de turma combinaram entre si um calendário de faltas que permitiu minorar os prejuízos individuais de cada um(a) e em algumas escolas chegaram a ser criados fundos de greve para apoiar o(a)s colegas que têm grande dificuldade em sobreviver com os respetivos salários. As medidas mais recentes do Ministério da Educação, como por exemplo a passagem das horas de direcção de turma para a componente não lectiva, vão levar ao despedimento de milhares de professores, assim como aumento do horário de trabalho para as 40 horas que vai ainda agravar as condições de trabalho do(a)s professore(a)s que se mantêm em funções. Nuno Crato tem feito tudo para demover o(a)s professore(a)s da sua luta, tudo menos procurar um entendimento com as estruturas sindicais que representam o(a)s docentes. E nem a decisão de um Colégio Arbitral, nem a rejeição do recurso pelo Tribunal Central Administrativo fazem o ministro reflectir sobre as medidas que está a tomar contra o(a)s professore(a)s. O desespero do ministério e do governo vai ao ponto de tentar agitar pais e aluno(a)s contra o(a)s professore(a)s. Mas o aumento do número de alunos por turma, a redução para 1 o número de funcionários por cada 100 alunos, o aumento da carga horária do(a)s professore(a)s, a mutilação dos currículos do ensino básico e secundário, a redução da carga horária de uma disciplina e a manutenção do mesmo programa, a redução dos apoios pedagógicos, a redução da comparticipação nos passes sociais e o aumento das propinas, foram algumas das medidas que durante o governo de Passos Coelho foram tomadas contra os interesses do(a)s aluno(a)s e que mostram a hipocrisia das vozes do governo e da sociedade civil que vieram gritar em socorro dos alunos e das alunas que vão ver os seus exames adiados alguns dias vozes essas que que ano lectivo após ano lectivo aceitam silenciosamente a destruição da escola pública. Não esqueçamos que foi a maioria parlamentar que apoia o governo e o ministro Crato que chumbou a proposta do Bloco de Esquerda no sentido de ser facultado às crianças do pré-escolar e aos aluno(a)s da escolaridade obrigatória um pequeno-almoço diário gratuito. A defesa dos interesses do(a)s aluno(a)s devia começar por evitar que as crianças fossem para a escola com fome mas a sensibilidade social do governo não é suficiente para perceber que com fome não há capacidade para aprender, muito menos para fazer exames. A luta do(a)s docentes passou este sábado, dia 15 de Junho de 2013, por uma manifestação de rua que juntou dezenas de milhares de professores e professoras em Lisboa. Lado a lado professores e professoras efectivo(a)s e contratado(a)s desceram a Avenida da Liberdade, muito(a)s acompanhado(a)s das famílias, em protesto contra a degragadação das suas condições de trabalho e em defesa da escola pública de qualidade para todo(a)s. Em muitas escolas já decorreram plenários de professore(a)s que decidiram pela continuação da greve aos conselhos de avaliação entre dias 17 e 21 de Junho. E na segunda-feira, dia 17 de Junho, o(a)s professore(a)s farão greve geral de professore(a)s o que significa que é uma greve a todo e qualquer tipo de serviço desde aulas, vigilância de exames, coadjuvância de exames, secretariado de exames, actividades com ou sem os alunos. Esta luta tem uma importância vital para a luta pela democracia e contra a austeridade e prepotência porque como se podia ler em alguns cartazes o(a)s professore(a)s, quando lutam, também estão a ensinar!
Foto de Paulete Matos
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