Centenário da União Operária Nacional Versão para impressão

União Operária NacionalNo dia 15 de Março, às 15 horas, realizou-se uma concentração junto ao Cine-Teatro Paraíso, em Tomar. Tratou-se simultaneamente de uma ação de protesto contra as políticas do actual governo e de memória pelo centenário da primeira central sindical portuguesa, a União Operária Nacional (UON).

Foi em Tomar que nasceu a primeira central sindical portuguesa, a União Operária Nacional (UON), em 1914. Para celebrar este centenário, um diversificado grupo de ativistas sindicais e de comissões de trabalhadores do distrito de Santarém (1), lançou, no dia 31 de janeiro de 2014, o manifesto "Cem anos depois, vencer o medo", e desafiaram mais ativistas a juntarem-se às comemorações.

Na apresentação pública do Manifesto, conferência de imprensa realizada em Tomar, na Nabantina, as e os ativistas sublinharam a coragem daqueles que ousaram criar a primeira central sindical enfrentando a fome, as prisões, os despedimentos... "Agora é preciso recordar essa coragem, precisamente aqui em Tomar e chamar as pessoas a juntarem-se para lutar contra as políticas de hoje, celebrando este centenário que se comemora em 14, 15 e 16 de Março" sublinhou Filipe Vintém, dirigente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL).

Luís Carvalho, investigador, lembrou que a preparação do congresso fundador da UON decorreu num período de agravamento das condições de vida e de aguda repressão do regime republicano contra a classe trabalhadora, com prisão de sindicalistas e encerramento de sindicatos. E que o congresso reuniu militantes de duas correntes principais, anarquistas e o antigo Partido Socialista Português, alguns dos quais estiveram mais tarde na fundação do Partido Comunista. Estes activistas "juntaram forças para lutar pelos direitos dos trabalhadores" e "é preciso voltar a fazer isso agora, aqui em Tomar".

Paulo Reis, trabalhador na EPAL e Vitor Franco, da comissão de trabalhadores da EDP, sublinharam algumas das iniciativas já previstas: "uma concentração no dia 15 de Março" porque, dizem, "não temos medo, juntamos forças para lutar contra este governo", uma exposição histórica, a realização de um filme, debates sobre questões como o trabalho por turnos, o fundo de greve, a precariedade..." pretendendo apoiar "estabelecer a comunicação e a troca de experiências entre activistas para melhorar a capacidade de luta dos trabalhadores, a sensibilização da juventude, o conhecimento histórico e cultural".

A memória é luta

placa União Operária Nacional

Foi inaugurada no local uma placa em pedra a assinalar ter sido ali que foi fundada a UON, em Março de 1914. Para este acto foram convidadas a fazer-se representar a Câmara Municipal de Tomar e as actuas centrais sindicais, a CGTP e a UGT, bem como o jornal A Batalha, criado pela UON em 1919 e que ainda hoje subsiste, como bi-semanário, depois de ter sido proibido durante a ditadura, logo a partir de 1927.

Estas atividades inserem-se no âmbito das comemorações do centenário da UON, que se iniciaram em Tomar no domingo, dia 9 de março, com a realização de debates sobre diferentes questões laborais.

Na primeira mesa, coordenada por Paulo Reis (EPAL), Luís Carvalho, investigador, fez o contexto histórico da criação da UON, Alexandre Huchet e Stella Reis (CT do BNP Paribas) e João Paulo Correia (SPGL) animaram um debate sobre a experiência da criação de CTs e os fundos de apoio à greve da última greve dos professores. Na segunda mesa, coordenada por  Saraiva (STAL), Guadalupe Simões (Sindicato dos Enfermeiros Portugueses) e Vitor Franco, (CT da EDP-Distribuição) aboradaram a luta pelas 35h e o trabalho por turnos.

No sábado, 15 de março, antes da concentração, tiveram lugar, da parte da manhã, a partir das 10 horas, mais dois debates, o primeiro sobre juventude e precariedade laboral, com Tiago Pinheiro, da comissão de trabalhadores da Linha Saúde 24, e o segundo sobre democracia e organização de trabalhadores, com António Mariano, presidente do Sindicato dos Estivadores e com António Chora, da Comissão de Trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa.

Um dia antes, na sexta-feira, 14 de Março, foi inaugurada uma exposição histórica na Escola Secundária Jacóme Ratton, também em Tomar.

 

 

Notas:

1Avelino Mendes, ferroviário, Tomar, dirigente do Sind. Nacional Ferroviários | Ana Rita Filipe, professora, Alpiarça, dirigente do SPGL | António Sousa Marques, Rodoviária do Tejo, Torres Novas, membro da CT | Carlos Beja, Segurança Social, Santarém, dirigente do Sind. T. Funções Públicas | Diogo Gaivoto, enfermeiro, Santarém, ativista sindical | Filipe Vintém, Esc. Jácome Ratton, Tomar, dirigente do SPGL | Gonçalo Velho, Inst. Politécnico Tomar, dirigente do SNE Sup | Hélio Gouveia, ferroviário, Entroncamento, ativista sindical | João Gonçalves, REN, Abrantes, dirigente do Sindel e da CT | João Luz, professor ens. superior, Riachos, ativista cultural | João Paulo Correia, professor, Rio Maior, dirigente do SPGL | Joaquim Cruz, Banco Portugal, Salvaterra de Magos, membro da CT | José Madeira Rodrigues, Mitsubishi, Abrantes, dirigente do SITE | José Neves Filipe, técnico superior de segurança no trabalho, Santarém, delegado sindical SIESI e antigo dirigente da FIEQUIMETAL | Luís Carvalho, investigador, Santarém, ativista ambiental e social | Paulo Reis, EPAL, Tomar, ativista sindical | Paulo Rodrigues, CTT, Tomar, delegado sindical do SNTCT | Vítor Fidalgo, CTT, Santarém, delegado sindical do SNTCT | Vítor Franco, EDP Distribuição, Santarém, Membro da Comissão de Trabalhadores.

2 - Ativistas de outros pontos do país aderiram também ao Manifesto Vencer o Medo e realizaram ou realizararão também iniciativas de memória e luta.

 

 

 

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