Não esquecer as mulheres de Rana Plaza, Bangladesh |
Segunda, 21 Abril 2014 | |||
Em 24 de Abril de 2013, o Bangladesh foi notícia pelas piores razões. Vamos ver o que aconteceu, depois que o clamor da tragédia foi arrefecendo e as imagens do pavor se foram apagando da nossa retina e da nossa memória.
Artigo de Almerinda Bento
Em 24 de Abril de 2013,o Bangladesh foi notícia pelas piores razões. O edifício Rana Plaza em Dhaka, capital do Bangladesh, já antes referenciado por estar em risco, colapsara. Nos seus oito andares albergava cinco fábricas de roupa, onde milhares de pessoas, sobretudo mulheres, trabalhavam de forma intensiva e a baixíssimo custo. No fim foram contabilizados 1138 mortos, mais de 2 mil feridos e muitas pessoas incapacitadas de forma permanente. Repito, a grande maioria destes mortos, feridos e permanentemente incapacitados eram/são mulheres. Desde logo, os sindicatos e organizações do Bangladesh entre as quais a Marcha Mundial das Mulheres decidiram este ano assinalar essa data para que não caia no esquecimento e em 2015, a Marcha Mundial das Mulheres, por ocasião da sua 4ª Acção Global, instará as suas activistas em todo o mundo a assinalar esta data trágica através de 24 horas de Solidariedade Feminista. Assinalar pelo que significa: exploração desenfreada, ausência de direitos e de condições de trabalho e chamada de atenção dos/as consumidores/as para a outra face do mundo que produz aquelas roupas que enchem as montras e os escaparates das catedrais do consumo que nascem como cogumelos nas cidades de todo o mundo, os shoppings a que vaidosamente alguns autarcas do nosso país chamam as "novas centralidades". Quando desde há 30 anos a esta parte se assiste à deslocalização da produção industrial para a Ásia, a chamada globalização capitalista via naqueles milhões de trabalhadores e trabalhadoras a garantia de um trabalho feito de salários de miséria, ausência de direitos sociais e laborais, condições dramáticas e insalubres de trabalho e repressão extrema sobre qualquer forma de organização sindical ou outra que ousasse opor-se-lhe. Como se pode ler in "A Comuna" nº 30 (Abril-Junho 2013) dedicada às "Lutas do Trabalho na Ásia", 3/4 das exportações do Bangladesh resultam da indústria da confecção; a OMC refere o Bangladesh como o 4º exportador mundial de roupa e The Economist coloca-o como o terceiro maior exportador da indústria têxtil. Mais de 3 milhões de trabalhadores bangladechianos trabalham na indústria têxtil, sendo que 90% são mulheres. As mulheres recebem entre 30 e 40 dólares por mês, trabalham entre 10 e 14 horas diárias, 6 dias por semana! Aquele patrão dizia "Não há salário para os mortos". Eu direi: nem para os vivos. A escravatura "assalariada" que nos veste e que tantas vezes ignoramos! No artigo de Alejandro Teitelbaum "A catástrofe do Bangladesh: uma amostra grátis do capitalismo mundializado" in "A Comuna" nº 30, o autor refere que o Bangladesh se encontra entre os primeiros países no ranking mundial dos trabalhadores mais explorados! Almerinda Bento
Referências: - «A Luta dos Trabalhadores nas "Fábricas do Mundo"», de Carlos Santos in A Comuna nº 30 - (Abril-Junho 2013) Lutas do Trabalho na Ásia. - «A catástrofe do Bangladesh: uma amostra grátis do capitalismo mundializado» de Alejandro Teitelbaum in A Comuna nº 30 - (Abril-Junho 2013) Lutas do Trabalho na Ásia. - http://www.labourstartcampaigns.net/show_campaign.cgi?c=2200
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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