“And if you tolerate this, then yourchildren will be next”

Nick Jones, Maniac Street Preachers

A ofensiva Capitalista levada à prática pelos capatazes sociais-liberais e liberalistas tem a sua mais recente expressão: o orçamento de estado.

O custo de vida aumenta, os salários baixam, cada vez mais a sociedade caminha para uma divisão entre uma pequena classe que tem acesso ao poder seja ele político, económico, jurídico ou social e uma enorme classe que serve apenas para alimentar a ganância da primeira com o seu trabalho, com o seu suor e com os seus filhos.

Para o Capital não interessam as qualidades nem as características de cada ser humano.

Assim as diferenças entre homem, mulher ou criança passam a ser puramente observadas do ponto de vista da produtividade (Marx, Manifesto Comunista). Por isso referimos que a elite se alimenta dos filhos da classe que governa.

Cada passo que recuamos nas nossas exigências, nos nossos direitos, liberdades e garantias, é mais um passo que os nossos filhos terão de dar na sua luta contra a exploração.

Cada vez que recuamos temos de ter na consciência que é menos margem de manobra que os próximos vão ter na defesa de uma sociedade justa, de uma sociedade em que o bem comum venha a substituir o lucro individual como objectivo principal.

Estamos perante uma altura decisiva em que a capitulação nos levará de volta a uma “idade média” dos direitos e da dignidadeda pessoa humana.

Aceitar como fatalidade as políticas impostas pelo Capital é resignar-nos ser capital humano, mão de obra, apenas números cujas medidas não serão mais o bem estar ou a educação, mas sim a produtividade.

Assim se cedemos agora, provavelmente as próximas gerações não terão limite de idade para poder trabalhar, nem escolaridade mínima ou tempo para brincar.

Se nós permitimos que nos tratem como máquinas, estamos a atingir um patamar de exploração que remonta ao tempo dos escravos, tempo esse em que muitos animais tinham mais direitos que muitos homens.

Os nossos filhos serão assim propriedade do senhor, neste caso da sinhá Merkel.

O papel dos partidos que representam o social-liberalismo e o liberalismo em Portugal, PS e PSD é o de capatazes, de chicote na mão prontos a pôr na ordem o escravo português.

O papel dos media, que se afirmam ser os watchdogs da democracia não é mais do que aquele que Malcom X definia como os house negros: aqueles escravos que lambiam as botas ao patrão para em troca poderem trabalhar dentro de casa ao invés de estar ao sol a apanhar algodão como os outros.

Cabe a cada um de nós pensar bem sobre o que tem feito, parar para reflectir sobre que futuro queremos deixar de herança.

Sabemos que é difícil, tudo o que vale a pena o é.

Também sabemos que se nada fizermos as futuras gerações nunca nos perdoarão, tal como aqueles que fizeram Abril não perdoam ao PS e PSD por tentarem emparedar as portas que Abril abriu.

Se hoje baixamos a cabeça, amanhã os nossos filhos caminharão sobre os seu joelhos.

Se nos erguermos à altura do desafios em dúvida que venceremos e o futuro que hoje parece perdido, daremos um grande passo rumo a uma sociedade justa, livre e humana.

Afinal de contas a nossa missão neste mundo é tão simples quanto tentar deixá-lo um pouco melhor do que o encontrámos.

Assim, como na canção inspirada num cartaz da luta contra o fascismo em Espanha, dizemos: “se tolerarem estes abusos, então os vossos filhos serão os próximos“ 1.

 Francisco Silva

1 Clique aqui  para conhecer a história por detrás da música.