A revolução de Outubro Versão para impressão
Domingo, 07 Novembro 2010

Outubro voltou a passar, com ele mais um aniversário da revolução russa. Esta revolução tornou-se lugar de imaginário, esperança e possibilidade real de mudança para muitos milhões de pessoas. Muitos milhões lutaram e morreram pela revolução. De então para cá não houve actos que provocassem tão extraordinário impacto no planeta, mesmo depois da comunicação se ter tornado global, massiva e quase imediata.

Passados os tempos, a revolução tornou-se para alguns um lugar de fé na qual se crê mas não se pensa, para outros descrença e conformismo num capitalismo melhorado. Para os marxistas que querem construir um processo revolucionário com apoio de massas [onde se inclui a nossa corrente comunista], a revolução é lugar de futuro, de construção de luta, desde já.

Para os marxistas a revolução não é um lugar mitológico, uma declaração sucessivamente proclamada, um acto intempestivo decidido quando uma qualquer Comissão Política quiser ou uma acção em que as massas são o alvo do telecomando. Os marxistas actuais não poderão profetizar como será a revolução, mas sabem que a luta em Portugal está muito entrelaçada na luta europeia, que as massas têm hoje um nível de conhecimentos bastante superior e que  deixarão «de ser rebanhos dóceis e embrutecidos»[i], que a comunicação é mais horizontalizada, que as tensões e as contradições de classe estão a expandir-se com o avanço do neoliberalismo e da brutal financeirização dos regimes.

Para os marxistas que fazem da dialéctica uma ferramenta permanente, cada momento é um momento de indagação permanente da evolução do capitalismo, de procurar juntar forças, de disputa ideológica e política das massas, de construção de pontes na oposição ao imperialismo, de procura de lugares e linhas de contra-ataque… Diógenes Arruda[ii]dizia que «ser comunista é uma opção quotidiana»; parece uma afirmação fácil mas tem uma tremenda amplitude.

O capitalismo actual, na sua forma global que unifica e interliga cada vez mais as burguesias nacionais, que destrói o papel social do Estado [e as cedências social-democratas] na voragem da imediata acumulação de capital, que caminha a passos largos para a destruição dos recursos do planeta, precisa de ser confrontado com o socialismo. O socialismo da ampla participação e cidadania, da propriedade e do trabalho ao serviço do bem-estar comum e não da opulência minoritária, da democracia e do respeito pela maioria, da justiça para todos e do estado de direito, da salvaguarda ambiental e da defesa de todos os direitos humanos. Esse é o socialismo da esperança, herdeiro da razão e da revolução soviética.

Socialismo ou barbárie[iii].

Victor Franco



[i] De um texto de Rosa Luxemburgo

[ii]Dirigente comunista brasileiro que apoiou a luta em Portugal, sua biografiapode ser vista aqui

[iii] Subtítulo do mesmo texto, que pode ser lido clicando aqui.

 

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