A feminização da pobreza Versão para impressão
Terça, 08 Fevereiro 2011

Com o agravamento da crise económica as desigualdades tendem a acentuar-se e no que se refere à perda de direitos, os que não os têm, ver-se-ão a anos luz de os obter. Perante este quadro é muito importante o combate à feminização da pobreza. Actualmente deparamo-nos ainda com uma diferença salarial significativa entre homens e mulheres e uma diferenciação das classes laborais consideradas maioritáriamente femininas ou masculinas sendo que as “tarefas femininas” auferem, em média, um salário mais reduzido. Uma marca desta discriminação de género está presente na declaração feita à Regus na qual 57% das empresas entrevistadas afirmarem que valorizam as mulheres trabalhadoras porque oferecem experiência e conhecimentos sem exigirem salários tão elevados. 

Com os despedimentos em massa, a mulher poder-se-á tornar um alvo preferencial e podemos assistir ao despedimento ou não contratação de mulheres por motivos de maternidade, seja porque está grávida ou planeia vir a estar ou ainda por ter filhos menores que carecem de uma maior assistência. Segundo esse mesmo estudo da Regus, 3 em cada 4 empresas que vão recrutar trabalhadores em 2011 assumem que deixarão de fora mães trabalhadoras.

A mulher corre assim um maior risco de cair na pobreza, de se ver privada do seu direito ao trabalho, a uma remuneração digna e à independencia económica ficando condenada à dependência do rendimento do seu conjuge ou familia. Claro está que uma mulher dependente económicamente é uma mulher vulnerável que vai perdendo progressivamente voz social e politica. Este problema conduz a um retrocesso civilizacional numa sociedade na qual a igualdade de direitos e de oportunidades ainda não foi atingida.

Encontramos actualmente obstáculos sociais gigantescos no que diz respeito aos direitos humanos e aos direitos das trabalhadoras (es) e como tal agudizam-se as necessidades interventivas.

Apesar de existirem cada vez mais licenciadas mulheres continuamos a assistir a chefias masculinas e a lugares de destaque dentro dos organismos e empresas maioritáriamente masculinos. Sem ninguém que equilibre o status, as mulheres ver-se-ão empurradas para um patamar de maior vulnerabilidade económica e social. Posto isto, que futuro aguarda as jovens mulheres portuguesas? Um futuro que não se avizinha muito risonho. Apesar dos avanços e conquistas a realidade é que as tarefas domésticas continuam a ser desempenhadas por mulheres e o mesmo ocorre com o cuidado dos filhos e sem possibilidades de emprego será relativamente fácil empurrar as mulheres para a vida doméstica.

Uma agravante deste horizonte de vulnerabilidade é que o número de mulheres que participa activamente na política continua a ser bastante reduzido o que empurra e delega as questões dos direitos das mulheres a um grupo na sua maioria masculino.

Por todas estas razões urge uma mobilização de mulheres para um maior activismo e participação na vida social e politica e numa luta activa e eficaz para o encalço dos seus direitos. No panorama social e politico de agora as mulheres não devem delegar o seu voto ao bloco central e de direita porque isso só levará à concretização da sua vulnerabilidade social, económica e humana.

Nádia Cantanhede

 

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