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Segunda, 07 Março 2011

1968_Paris2

É imperativo travar a hipocrisia dos que defendem a acumulação de riqueza à custa da exploração e dos sacrifícios e por isso, o dia 19 de Março, é um dia para dizer basta e ir à luta!

 Artigo de Paulo Cardoso

As sociedades nunca poderiam ter evoluído se o conformismo e o conservadorismo tivessem dominado. Aliás, foi graças aos que divergiam do "status quo" que se realizaram as grandes descobertas e que se desenvolveram várias ideologias. A queda dos sistemas monárquicos para republicanos revelou uma mudança de mentalidades, a recusa da subjugação e a necessidade de dar às populações voz e decisão.

Da ditadura para a democracia existe um caminho interminável, cheio de armadilhas e oportunistas. Estes aproveitam-se de quem não quer fugir desse caminho e como tal armadilham o percurso, aproveitando-se dessa mesma necessidade. O capitalismo trabalha em nome de uma burguesia que nos assalta e hipoteca o futuro das próximas gerações, deixando-as dependentes e escravizadas por um modelo que temos a obrigação de combater, sob pena de permitirmos novos modelos de escravatura.

Esta luta, ao contrário do que possa parecer tem condições para ser intensificada. Aquilo a que estamos a assistir, é à resposta do capitalismo ferido e sobranceiro que ataca agora, investindo tudo o que tem mas sabendo nós que está assente numa estrutura auto-corrompida. Esta condição deve-se sobretudo à ganância que cegou os neoliberais e os impediu de perceberem os seus instintos parricidas. Agora, a conjectura está armadilhada e a possibilidade de descontrolo total espelha-se pelos acontecimentos do Norte de África e Médio Oriente. A instabilidade, nestes países, no preço do petróleo e nos alimentos são os ingredientes para globalizar a crise e criar novos cenários geopolíticos.

Nos últimos anos as lutas políticas e sindicais têm-nos dado a dimensão do desagrado e desalento dos manifestantes, mas ao nível das consequências políticas, os resultados têm sido frustrantes. Antes de atingirmos o patamar da revolta é preciso despertar os oprimidos, os desvalidos e descontentes que na boca da urna se fazem escolhas e que o seu resultado é a linha política, económica e social que os eleitos impõem. Perante esta ofensiva sem tréguas não existem pactos possíveis e a resistência aos ataques torna-se inconsequente, face à forma como as leis laborais e a conjuntura dominam. O dialogo da esquerda tem de continuar a ser coerente e direccionado para a mobilização social que poderá despertar neste braço-de-ferro que nos traz créditos e força, por não ceder às chantagens e pressões da burguesia neoliberal. Os arautos e postilhões comentam, justificando com a inevitabilidade do capitalismo especulador. E sustentam que estamos a pagar o preço por querer viver decentemente, imagine-se. Ao contrário atacam ferozmente os movimentos insubmissos que combatem este modelo económico, quando está à vista a sua fraudulência com tendência a proteger uma elite burguesa que por sua vez sustenta a elite política. É o argumento da estabilidade mas se analisarmos bem, é a própria estabilidade que cria a instabilidade na auto-defesa do capitalismo.

A crise além de ser alimentada é consentida e a economia paralela é um exemplo disso. Quando atingimos os 770 mil desempregados verifica-se, simultaneamente, que 300 mil pessoas acumulam dois empregos por necessidade. E Passos Coelho propõe o contrato por palavra, que mais irão inventar? PS, PSD e CDS chumbaram uma proposta de combate à precarização, que mais é preciso para percebermos que com estas linhas políticas só podemos esperar crise, injustiças e a privatização de sectores estratégicos?

É imperativo travar a hipocrisia dos que defendem a acumulação de riqueza à custa da exploração e dos sacrifícios e por isso, o dia 19 de Março, é um dia para dizer basta e ir à luta! Eles roubam, nós pagamos mas censuramos!

Paulo Cardoso

 

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