Esta semana saiu mais um número da Revista Visão, e como primeira página surge-nos logo Passos Coelho, e com o titulo “PSD já tem manual para governar” , onde foi desvendado o programa económico do PSD.
O presente artigo apresenta as medidas que o PSD irá tomar se obter o poder. Mas fiquei um pouco confuso ao ler tal artigo, pois a certa altura pensei que fosse o programa do actual Governo. De algumas medidas apresentadas, algumas delas são já cartas dadas pelo PS ao PSD. Ora vejamos:
No sistema político o PSD pretende reduzir o número de Câmaras Municipais, de Juntas de Freguesias e reduzir o número de deputados no Parlamento. Medida esta também defendida já pelo actual Ministro dos assuntos parlamentares Jorge Lacão. Os Sociais-Democratas justificam esta medida, argumentando que o objectivo é aproximar os “eleitos aos eleitores”. É uma medida anti-democrática, vai ao encontro dos interesses dos dois maiores partidos de Portugal, reduzir a Assembleia da República a um Bloco Central, é retirar dos portugueses a opinião diversificada. Os eleitores ficariam apenas com o PS e o PSD como escolha, logo não é democrático. O PS justifica-se dizendo que existem deputados a mais e a sua redução levaria a uma diminuição dos gastos. Mais uma forma de tentarem iludir os portugueses. O que estes senhores pretendem é restringir o Parlamento aos burgueses do PSD e aos seus discípulos do PS, numa tentativa de ditadura disfarçada em democracia. Na Saúde e na Educação o PSD pretende introduzir mais gestão privada, de forma a promover a concorrência e a qualidade do setor. Na educação o objectivo passa pela retirada da sua gestão ao Estado, anunciando medidas como o cheque-ensino e privatizar a gestão das Universidades Públicas. Medidas para as quais o PS já preparou terreno. Basta relembrar as constantes lutas com os profissionais deste setor. Na actual crise económica, foram já gastos milhares de milhões de euros de dinheiro público para evitar a falência do BPN, banco apenas criado para negócios particulares de certos barões nacionais, que aquando dos seus lucros, se os teve, apenas iriam servir a “família”. Mas quando a crise rebenta são os contribuintes que têm que pagar a factura e o Estado arrecadar com os prejuízos do BPN. Com a crise a afetar os principais setores privados, a burguesia aumenta a sua exploração e procura novos mercados, e vêem com agrado os setores que são parte integrante do Estado Social: a saúde, a educação e a segurança social. O PSD demonstra assim o fracasso da sua ideologia, se é que a tem, pois o PSD apenas segue a ideologia das grandes fortunas portuguesas e estrangeiras que se queiram fixar em Portugal. Nas questões do mercado de trabalho o PS continua com a precariedade dos recibos verdes, o PSD por sua vez pretende facilitar os despedimentos, contratação verbal e ainda redução dos pagamentos de trabalho ao fim-de-semana. Verificamos que o objectivo do PSD é a criação de facilitismos para as empresas, enquanto aumenta a exploração da classe trabalhadora. Concluímos então que as medidas tomadas pelo actual Governo, dito de esquerda moderada, é um preparar terreno para as políticas de direita, neoliberais que procuram nos mais frágeis as soluções para as consequências da crise.
Samuel Silva
|