Os Desafios da Esquerda Versão para impressão
Domingo, 13 Março 2011

 

O dia 12 de Março de 2011 é já um dia memorável e incontornável na história política do país.
Uma mobilização sem precedentes na história recente do país, na história da Democracia.
A convocatória para o protesto da “Geração à Rasca” partiu de 3 pessoas, movidas por um sentimento de revolta recalcada e catalisado por uma música, que de surpresa, estreada num concerto, percorreu as redes sociais. Essa música fala de uma pessoa que se sente alvo de um atentado à sua vida, à sua dignidade, tamanha é a insegurança e a injustiça no seu local de trabalho e termina com ela a dizer que tem de tomar acção, que tem de fazer algo para mudar a sua condição.
Num ápice, dezenas de milhar de pessoas tinham já aderido, na redes sociais, ao protesto. Alguns comentadores, cronistas, editores e afins rapidamente se apressaram a maldizer, a desmobilizar, a confundir, numa tentativa vã de travar uma bola de neve que ameaçava os poderes instalados.
Estranhamente, também alguns ideólogos da revolução, aflitos pela perda de influência, pela ausência dos seus pares neste movimento ímpar, se apressaram a desvalorizar o relevo da manifestação e a apelar a outras festividades.
No final deste dia 12 de Março, eram inúmeros os relatos eufóricos de cada uma das várias concentrações e desfiles que percorreram o país (e algumas representações portuguesas além_ -fronteiras). Mais de 300 mil pessoas, na maior jornada de protesto desde o 25 de Abril, revelaram o poder do indivíduo, enquanto agente de mudança. Revelaram que cada uma e cada um de nós tem um papel-chave na mudança social - como facilitador de acção, agitador de consciências, incendiário de revoltas adormecidas.
Apresentamos a nossa censura ao Governo, na forma institucional de moção; o povo apresentou a sua, de forma espontânea, saindo à rua em protesto.
Findos (no espaço físico) os protestos da “Geração à Rasca” - que acabou por ser de todas as gerações – surgem novos desafios à Esquerda, à “nossa” Esquerda - agregadora e revolucionária.
Apesar do extraordinário sucesso dos eventos do dia 12 de Março, não podemos ignorar aqueles e aquelas, vítimas das sementes de confusão lançadas sobre a classe trabalhadora, que expõem os seus argumentos acerca das greves e dos seus males.
É nosso dever ajudar a afinar as consciências, explicando a importância da participação nas lutas populares, recordando a importância da Greve como instrumento de nivelação do poder negocial entre trabalhadores e patrões.
Dia 19 há uma outra jornada, sindical, com objectivos em nada díspares destes protestos. É importante toda a mobilização, para manter activa a chama mobilizadora e para que, dentro de 1 mês e meio, no aniversário da Liberdade e nas celebrações do Dia do Trabalhador, tenhamos um apogeu de povo na rua. Para o reforço da Esquerda, para o reforço do movimento sindical, para o reforço, em geral, do movimento das trabalhadoras e dos trabalhadores. Em suma, para que se faça ouvir a exigência da vontade popular, contra as austeridades selectivas, contra os sacrifícios ímpios dos mais desfavorecidos.

Ricardo Salabert

 

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