O Ensino Autoritário de Crato Versão para impressão
Terça, 05 Julho 2011

nuno_crato

Nuno Crato é o novo Ministro da Educação, do Ensino Superior e da Ciência. E é também com ele que surge uma nova investida contra a escola pública e contra os valores essenciais da educação. E se é cada vez mais necessário repensar a escola que queremos, este será certamente um bom momento para o fazer.

 

Numa escola cada vez mais impulsionadora das desigualdades sociais, submetida aos desejos de um mercado de trabalho controlado pelo grande capital, eis que surge um governo de coligação à direita, envergando uma das maiores cartilhas neo-liberais da história da democracia portuguesa.

 

E foi esse governo que nomeou Nuno Crato, matemático e professor universitário para o cargo de Ministro da Educação, do Ensino Superior e da Ciência. Este professor, que desde há muito vem mostrando a sua posição no que à educação diz respeito, já colocou a sua marca no programa de governo.

 

Entre todas as barbaridades que evoca, desde o fortalecimento das disciplinas “importantes” (matemática e português), ao aumento dos exames nacionais, passando ainda pela implosão do Ministério da Educação, o ministro vê num sistema de ensino baseado na autoridade um sistema eficaz, e aposta no reforço da autoridade da figura do professor e do pessoal não-docente.

 

Não seria esta uma boa altura para analisar o papel da autoridade nas escolas? O que é afinal a autoridade em termos pedagógicos?

 

A autoridade é uma forma de imposição de um pensamento, de controlo de pessoas, é uma maneira fácil mas pouco eficaz de passar uma mensagem. E nas escolas ela funciona como forma impositiva de uma figura superior: o professor.

 

No entanto, pessoas respeitadas apenas pela autoridade são pessoas que ensinam autoridade e que criam autoridade. Nada mais.

 

A base da aprendizagem não pode ser a autoridade porque a autoridade nunca ensinou ninguém; pelo contrário, sempre contribuiu para um afastamento entre aluno e professor e consequentemente para a exclusão da partilha de conhecimentos. É esta partilha o grande estímulo do conhecimento, cada vez mais menosprezado por uma educação que não cumpre o seu principal objectivo, o de ensinar, o de transmitir conhecimento.

 

O autoritarismo está para a educação como a austeridade está para a economia, o resultado é comum, o agravamento e aprofundamento das crises.

 

E hoje, em que a actualidade nos impõe os problemas das dívidas soberanas  e do capitalismo, a maneira como educamos é também a forma como resolveremos esses problemas.

 

Por isso Crato, estaremos aqui para combater o retrocesso que representas, porque somos estudantes, professores, cidadãos preocupados em não querer andar para trás. O progresso é o único caminho que aceitamos e a autoridade é apenas mais uma forma de caminhar de costas.

A sociedade merece melhor do que aquilo que também tu nos queres impor.

André Moreira

 

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