Cultura e Educação - a estupidificação através da austeridade |
Quarta, 26 Outubro 2011 | |||
“If you tell a lie big enough and keep repeating it, people will eventually come to believe it. The lie can be maintained only for such time as the State can shield the people from the political, economic and/or military consequences of the lie. It thus becomes vitally important for the State to use all of its powers to repress dissent, for the truth is the mortal enemy of the lie, and thus by extension, the truth is the greatest enemy of the State” – Joseph Goebbels As catch phrases deste governo têm vindo a tornar-se, de forma gradual, facilmente detectáveis ainda que estejam em constante mutação. Desde a inevitabilidade e inteligência na austeridade até à ética social na mesma, muitas têm sido as formas utilizadas para reiterar qual o caminho que querem traçar para Portugal. Com o anúncio das medidas inscritas no Orçamento de Estado para 2012 confirmaram-se as maiores suspeitas. Depois da Saúde e do Estado Social estarem sobre ataque cerrado chega a vez dos holofotes se centrarem na Educação e da Cultura. Desde a sua tomada de posse que as intenções do ministro Nuno Crato se tornaram óbvias – a política educacional sustentada na meritocracia e no autoritarismo seriam implementadas na Escola. As medidas do Ensino Superior e o desinvestimento no mesmo logo se seguiram. Esta semana deparámo-nos com outra novidade. De forma a tornar o “sistema” mais eficiente – ou seja, reduzir o número de professores e prejudicar a formação individual dos alunos - a carga horária de aulas como História e Geografia será substancialmente suprimida. A aposta na Matemática e no Português passará a ser, ainda com mais incidência, o pilar da metodologia educacional no ensino obrigatório. Por outro lado, o sector da Cultura reagiu em alvoroço ao aumento do IVA de 6% para 23%. Esta medida, de forma alguma, incentiva o aumento de produtividade e o crescimento da economia. Em primeiro lugar, acaba mesmo por colocar em sério perigo o sector. As consequências directas serão o desaparecimento de públicos e o desemprego no sector. Aliás, já surgiram notícias do impacto que esta medida terá. A administração do Coliseu de Lisboa já veio a público afirmar que este espaço poderá ter que fechar durante grande parte do ano para que possa ser economicamente sustentável. Associado ao papel da Educação deveria estar, inevitavelmente, o papel da Cultura. Esta discussão não é recente mas os consecutivos governos tentam deixá-la cair no esquecimento. A interdependência de ambas apenas levaria a um upgrade no nível de conhecimento e de capacidade crítica dos jovens alunos portugueses. O autoritarismo neoliberal percebe que tal não é benéfico para os seus interesses e, de forma lógica, inicia o seu ataque a estas duas áreas essenciais na conquista na opinião pública. Assim sendo, tais cortes tanto na Educação como na Cultura têm apenas um só propósito. A prossecução de medidas de estupidificação da nossa Sociedade. Uma Sociedade pouco formada e informada num sistema de ensino que é por natureza tendencioso e os cortes numa área fulcral como o é a Cultura farão, de forma incontestável, com que o governo e o movimento neoliberal vejam o seu trabalho de manipulação da sociedade e da opinião pública facilitado. A Cultura e a Educação não deveriam ser um negócio mas a inteligência na austeridade faz com que o capital financeiro esfregue as mãos de contentamento com o vislumbrar da oportunidade de controlar as massas através da sua estupidificação e ainda lucrar com isso. Onde será que eu já vi isto? Cláudia Ribeiro
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