Ponto de viragem sim, mas para a luta! Versão para impressão
Terça, 24 Janeiro 2012

manif21janpauletematosSe a redução dos rendimentos das pessoas através do corte dos salários e do 13º e 14º mês, do congelamento de pensões e do aumento de impostos  tem um efeito directo no poder de compra dos Portugueses, tem também um efeito em espiral e absolutamente devastador na economia do país: menos poder de compra, menos consumo, menos produção, mais falências, mais desemprego, menos poder de compra e assim sucessivamente rumo a um abismo sem fim.

Artigo de Sandra Cunha

Mas tão ou mais importante que a redução imediata de rendimentos é a completa destruição do nosso estado social. A devastação de pilares básicos ao desenvolvimento e crescimento de uma sociedade - a educação, a saúde e o trabalho - significam para além dos efeitos directos que têm, a condenação das gerações futuras, dos nossos filhos e dos nossos netos, a uma luta constante e injusta pela sobrevivência, a uma existência miserável, a uma vida sem qualquer futuro.

A assinatura do acordo em (des)concertação social ocorrida há dois dias, entre Governo, Patronato e  aqueles que se intitulam sindicalistas mas que devem estar um pouco confusos quanto às funções, valores e missão de um sindicato, ditou a perda de direitos adquiridos à custa de vidas inteiras de trabalho e descontos mas ditou sobretudo o desbaratar completo da dignidade e da justiça no trabalho. Passa a ser mais fácil e mais barato aos patrões despedirem. São os patrões que agora decidem sobre as férias e o descanso dos trabalhadores. Os desempregados passam a a receber menos subsídio de desemprego e durante menos tempo Na verdade, o que as medidas acordadas visam é o embaratecimento do custo do trabalho. Os desempregados são pressionados a aceitar salários cada vez mais baixos e em consequência, dentro de meia dúzia de anos, uma profissão que vale hoje 700€ ou 800€ euros, passará a valer 500€ ou 600€. Este é o futuro que deixamos às gerações mais novas. Trabalhar sempre mais, por sempre menos. Afinal o que interessa são os lucros dos grandes interesses financeiros.  Tudo o resto é absolutamente secundário.

E enquanto isto, ouvimos o Primeiro Ministro de um país à beira do colapso, caracterizar de dia histórico o dia da perda de direitos constitucionais dos trabalhadores, da destruição das suas vidas e do seu futuro. Ouvimos o Ministro das Finanças falar em ponto de viragem quando ficamos a saber que afinal o défice para 2012 já não será de 4,5% mas sim de 5,4%; quando ficamos a saber que mais medidas de austeridade estão na manga para dentro em breve; quando ficamos a saber que estamos cada vez mais longe de pagar a dívida; quando ficamos a saber que isto não tem fim.

Vivemos hoje num estado de coma político, em que parecemos incapazes de reagir e lutar pelo país e por nós próprios. Somos gozados, espezinhados, alienados de toda e qualquer dignidade - porque falar em dia histórico e ponto de viragem, só pode mesmo ser a gozar – e continuamos a encolher os ombros, a aceitar, a aguentar. Estamos nas mãos de uma corja de psicopatas sociais, de alucinados, de gente sem o mínimo sentido de decência, de respeito, sem qualquer ligação à realidade social do país e parecemos estar num qualquer estado de choque que nos impede de reagirmos, de lutarmos.

Mas não temos de nos conformar, de aceitar ou aguentar. A luta é a nossa arma. A dignidade o nosso objectivo. Enfrentar esta existência miserável que nos querem impor, passa por nos revoltarmos, por nos fazermos ouvir, por gritarmos a nossa indignação e a nossa razão. Todos os dias contam, todas as formas de luta contam e sobretudo todo e cada um de nós conta. O momento é o de viragem para a luta e a rua é o nosso espaço. Acolhe-nos e amplia a nossa indignação, o nosso BASTA! Encontra-mo-nos por lá!

 

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