capitalismo suicida Versão para impressão
Terça, 28 Fevereiro 2012

capitalismo1

Responder à crise tem de passar pela afirmação de outro paradigma, económico, social e ambientalmente convergente.

Os recursos utilizados para salvar os bancos europeus desde o início da crise até ao fim de 2010 ascenderam a 1,6 biliões de euros! Os montantes emprestados à Grécia, Portugal e Irlanda são peanuts comparados com isto… Curiosamente sobre estes não se fala. Tamanha quantia nada resolveu. Os mesmos bancos, que produziram a crise, continuam a apostar no que sabem fazer: especular e concentrar oligopólios. A solução encontrada para fazer face à crise foi aprofundar a crise. Qualquer tentativa de regulação ficou pelo discurso, logo em seguida veio outra resposta, a da austeridade e praticamente deixou de se falar na primeira.

A austeridade, imposta pelos mercados salvos pelos Estados, acentua a crise numa espiral de empobrecimento dos povos, retirando da base a sua capacidade económica de produzir e de consumir, de novo favorecendo a recessão e a concentração da riqueza.

A par da crise económica que todos os dias se faz sentir nas nossas vidas e apesar do empobrecimento, nunca o nível de predação e destruição se tornaram tão drásticos no planeta. Apesar de longe do pensamento colectivo, a crise ambiental adensa-se exponencialmente: uma crise sistémica que enlaça aquecimento do clima, perda da biodiversidade, acidificação dos oceanos, grandes perdas de recursos hídricos e alimentares, erosão dos solos, poluição de aquíferos e contaminação.

Fazer face à crise é enfrentar os desafios económico-sociais e ambientais, que têm que passar pela alteração do paradigma energético-produtivo, do drama da desigualdade e do papel do Estado. É a reorientação da afectação dos recursos, democratizar o governo, centrar o desenvolvimento a partir do local e dos recursos e circuitos de proximidade, investir na investigação e tecnologia que produza produtos e serviços socialmente úteis e ambientalmente avançados, é fazer convergir as dinâmicas económicas, sociais e ambientais. Não faltam alternativas e estas regem-se pela dinamização e distribuição na base, para dar condições à dinamização económica, criando emprego e reconvertendo a economia, reequilibrando padrões ambientais e recuperando soberania produtiva. Estas dimensões são fundamentais ao discurso da esquerda, porque o capitalismo é tão insustentável do ponto de vista social e económico como do ponto de vista ambiental e os que sofrem em primeiro lugar serão sempre os mesmos.

Imaginemos que essa mesma quantia, usada para salvar os bancos, era aplicada no desenvolvimento de outro paradigma produtivo, energético e distributivo. Defender esta mudança é porém defender todo um outro tipo de interesses. É aí que está a luta.

O rumo que o capitalismo deu à economia provocou crises e mais crises: o capitalismo é o problema não é a solução e a única alternativa é acabar com ele. A sua disfuncionalidade económica, social e ambiental é tal que não agir é suicida.

Rita Silva

 

A Comuna 33 e 34

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