When nothing goes right, go LEFT! |
Quarta, 06 Junho 2012 | |||
O governo, na figura de Passos Coelho e Álvaro Pereira, continua a bradar aos céus a confirmação da figura de Portugal como bom aluno e de país cumpridor perante a troika e toda a restante comunidade internacional. Que o descaramento neoliberal não conhece limites já o sabíamos mas em períodos que têm uma componente de retrocesso social e civilizacional este tende a tomar proporções nunca antes conhecidas. Numa altura em que a taxa de desemprego atinge valores históricos, que percentagem de jovens desempregados já ascende aos 36%, e em que o mercado laboral continua a ser atacado tendo como único beneficiário o capital, Passos Coelho afirma que os portugueses não se encontram perto do abismo. Para completar este rol de afirmações que mais parecem ser piadas de mau gosto, Álvaro Pereira vem a público afirmar que Portugal “reconquistou a credibilidade internacional e é hoje visto como um país com forte ímpeto reformista”. Passando em revista as noticias dos últimos dias deparámo-nos com a recapitalização do Bankia, com a cada vez mais forte possibilidade de um pedido de ajuda externa por parte do Chipre e com todo o alvoroço em redor da economia espanhola que irá resultar numa reunião de urgência dos ministros da Economia do G7. Partindo do princípio de que Chipre e, principalmente, Espanha ficarão reféns da troika dentro de pouco tempo, gostaria de saber qual a opinião dos governantes portugueses em relação a um possível spillover. Os mercados, essa entidade superior de índole incontrolável, terão uma palavra a dizer e não existe disciplina e empenho suficiente que valha a Portugal para que estes não desfiram novos golpes na nossa economia. Um possível bailout nestes dois países colocará ainda mais pressão na Itália e levará ao surgimento de ainda mais fragilidades na zona Euro. Certamente que os nossos queridos governantes vivem numa realidade virtual e abstrcta na qual tudo é cor-de-rosa e para além de ignorarem a realidade social dos portugueses, continuam também a fingir acreditar na suposta racionalidade dos mercados. A solução passa pela derrota do establishement neoliberal europeu. A solução passa pela ascensão e consolidação desta nova esquerda europeia quer nas urnas quer na sua força nas ruas. Se o vento nos traz boas noticias da Grécia onde as intenções de voto na Syriza já chegam aos 31,5%, se na Alemanha o die Linke está a passar por um processo de reestruturação que prevê o fortalecimento da sua influência na sociedade alemã e se Melénchon parte na frente de Le Pen nas previsões para as eleições parlamentares francesas, em Portugal as sondagens atribuem uma subida da popularidade do Bloco de Esquerda. Os nossos líderes propagandeiam o europeísmo em cada declaração. Nós como socialistas, rejeitamos este europeísmo de face capitalista. Nós socialistas defendemos uma Europa verdadeiramente solidária, com uma face humana em que os interesses dos Europeus sejam sempre a prioridade número um. A ascensão desta esquerda europeísta como alternativa à inevitabilidade da austeridade e contra a troika terá também ela que se moldar e transformar num movimento internacional de luta. Só assim a Europa sairá desta profunda depressão em que se encontra. Somos todos gregos, somos todos PIGS mas acima de tudo sejamos todos Europa. Cláudia Ribeiro
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A Comuna 33 e 34
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