Uma viagem do Atlântico à praia do Meco Versão para impressão
Quarta, 01 Agosto 2012

 

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Quando o Super Bock Super Rock corre mal, compra-se o Pavilhão Atlântico.
Tem sido a história dos últimos cem anos de poder económico em Portugal – a intimidade desavergonhada entre o poder político e o poder financeiro – e, na última década, o compadrio entre as grandes multinacionais e as organizações dos festivais de verão.

Cavaco Silva é o político com mais anos de poder. E tem sido um festival. Depois de ter sido apontado como uma das personalidades que beneficiou com as acções do BPN, agora falido, parece que o Pavilhão Atlântico foi vendido ao seu genro, uma das principais cabeças do capital da indústria de eventos musicais em Portugal.

Luiz Montez é o organizador do SuperBock SuperRock, é dono da Música no Coração, entre outros activos da área. A venda foi contratualizada no valor de 50 milhões de euros, mesmo assim a Ministra Assunção Cristas não teve problemas em admitir que o equipamento, que pertencia ao Estado e foi investimento público era rentável. Toda a operação foi financiada e assessorada pelo BES, onde trabalham quadros do antigo governo de Cavaco Silva.

Os festivais de Verão são um dos casos onde a tão bendita lei da oferta e da procura do sistema de mercado não funciona. Quando é proibido levar comida ou bebida para dentro do recinto para sermos obrigados a consumir os produtos das grandes multinacionais como a PizzaHut ou o BurguerKing, onde uma garrafa de 33cl custa mais de um euro e praticamente todo o serviço de venda de cerveja é feito pela SuperBock, percebemos bem o que está em jogo. A mercantilização da cultura, neste caso da música, passa também pelos donos de Portugal e dos senhores do capital no caso das multinacionais. Mas Luiz Montez não tem problemas com isso, quando o SBSR corre mal, compra-se o Pavilhão Atlântico.

Conhecemos agora bem a reestruturação que o Estado quer fazer no sector empresarial público: vender o que rende ao Estado. Foi assim com a EDP e com a REN, quando se vendeu parte dos activos do Estado a uma empresa estatal Chinesa ou mesmo o BPN a Américo Amorim e à filha do presidente angolano, vai ser assim com a TAP, com os CTT e Águas de Portugal. E não será difícil saber a quem se vende.

Mas é possível que para o ano o som das guitarras e a luz dos palcos já saia mais em conta, a Fundação EDP contratou a sobrinha-neta de Catroga para a secção de arte.

Luís Monteiro

 

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