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Quarta, 01 Agosto 2012
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O Deus das Moscas
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mosca

As instituições financeiras, como moscas varejeiras, nestes últimos anos, têm-se tornado mais ricas, mais diversas, e proliferado mais rapidamente. Esta fauna cadavérica tem-se alimentado dos sucos orgânicos da economia-cadáver em decomposição, cadáver este que também ajudou a matar, tal quimeras, predadoras e necrófagas, com grandes garras assassinas e centenas de omatídeos que tudo controlam.

Esta espécie global, tanto endémica, como invasora, fez com que um país, a Islândia, com um Produto Interno Bruto (PIB) de 13 mil milhões de dólares, tivesse uma perda bancária de 100 mil milhões de dólares. Na Irlanda, o balanço fiscal passou do superavit de 2007 para um prejuízo equivalente a 32% do PIB em 2010. Os seus estragos e consequente resgate contribuiram para a crise da dívida soberana, culminando nos empréstimos à Grécia, a Portugal e em breve à Espanha e Itália. A ganância, o lucro fácil e a corrupção sistémica são o seu habitat natural.

Como espécie invasora, é conhecida por ter levado outra quase à extinção, os reguladores, mas por vezes deitam-se na mesma cama, e casos de transmorfos inter-espécie já foram reportados. Produtos derivados complexos, credit default swaps, lavagem de dinheiro, alavancagem extrema, fétida podridão.

Mais recentemente, veio à tona mais um escândalo, vários destes insectos reuniram-se para manipular uma taxa de referência, a Libor, afectando o custo real de produtos derivados, empréstimos e hipotecas, provando, mais uma vez, que na árvore da vida esta espécie certamente evoluiu no ramo da hipocrisia, do egocentrismo e da manipulação. E, que belo paradoxo este, neste momento em Portugal, tudo fazemos para obter a confiança de quem não é confiável. E continuamos a travessia do deserto, com sacrifício, mas com esperança de alcançarmos a terra prometida.

O nosso primeiro-ministro, que prega esta religião, a doutrina do inevitável, quer que idolatremos este Deus das Moscas, o Nosso Senhor o Dinheiro, e a Santa Trindade (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) com os seus Arcanjos, os Mercados. Estas divinas entidades que jogam com as nossas vidas, amealhando enormes lucros, e socializando as perdas, apostando com o nosso emprego, a nossa saúde, a nossa educação, a nossa habitação, o nosso futuro.

É hora de pegar nos mata-moscas, gritando bem alto “mata mosca e mosquito, pulga e barata”1.

Sérgio Cunha

 



 

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