Apoio Social ou direito à dignidade do trabalho público Versão para impressão
Domingo, 22 Fevereiro 2009

Entre a imensa propaganda resultante dos sucessivos anúncios sobre iniciativas políticas a que o governo tem tido necessidade de recorrer, como marketing para fazer passar na opinião pública a ideia das suas preocupações de carácter social, não escaparam os próprios trabalhadores e aposentados da Função Pública.

Texto de José Lopes

O Estado propõe-se disponibilizar mais de dois mil euros a título de empréstimo, quando em dificuldades financeiras os trabalhadores fizerem frente a "situações de emergência", como aquisição de equipamento doméstico ou mesmo para encargos assumidos com compra ou arrendamento de casa própria e realização de obras, mas ainda para doença e até para funeral e desemprego. Um vasto leque da vergonhosa indignidade que existe e que os governantes admitem de forma propagandística, como se não tivessem responsabilidades no agravamento de muitas destas desumanas realidades sociais.

Ainda que algumas consciências mais incrédulas resistam a aceitar tal quadro de potenciais fragilidades sociais entre funcionários públicos, as situações económicas e sociais referenciadas por governantes que se propõem agora assumir o papel de bons samaritanos, face ao verdadeiro estado de empobrecimento em que vêm deixando cada vez mais os agora designados trabalhadores em funções públicas, são indicadores preocupantes das inegáveis carências de muitas famílias e são naturalmente o resultado prático das políticas neoliberais puras e duras de ataque aos serviços públicos, desmembrando-os e descaracterizando-os segundo os interesses e apetites do capital.

Mais do que as medidas enumeradas de apoio social aos trabalhadores e aposentados da Função Pública, eram precisas políticas que ajudassem a moralizar e a dignificar o trabalho e serviços públicos, dotando a componente humana das condições indispensáveis para ao fim de uma vida de trabalho ou ainda em plena força de trabalho, não ser possível, nem mesmo admissível situações deprimentes que obriguem os trabalhadores a recorrerem a tais "acções de beneficência" do mesmo Governo que lhe nega o respeito por direitos conquistados e os transforma numa espécie de peso para a sociedade portuguesa.

O que é preciso é combater a autêntica exclusão social de que cada vez são mais vítimas milhares de funcionários deste Estado, com uma base salarial pouco mais que o salário mínimo nacional, que recorre à precariedade, que usa e abusa dos POC's e de trabalhadores assalariados com 2 e 4 horas diárias, fugindo assim a qualquer tipo de contrato de trabalho. Um regabofe de exploração que vai do trabalhador indiferenciado ao técnico especializado, que vai das habilitações mínimas ou obrigatórias à formação superior. Realidades económico/sociais a quem a dignidade no trabalho era bem mais reconfortante do que os pomposos apoios sociais de efeitos práticos e de acessibilidades duvidosas, pelo menos para as verdadeiras vítimas resultantes das políticas seguidas pelos mesmos que hoje se mostram preocupados com as dificuldades dos que tão mal têm sido tratados nos vários sectores da administração pública.

José Lopes (Ovar)

 

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