As crises emergentes |
Domingo, 20 Dezembro 2009 | |||
Actualmente, a Esquerda confronta-se com crises sociais, económicas e políticas. Das crises políticas saliento a da própria esquerda que não consegue aproveitar os falhanços das políticas neoliberais de direita, na Europa e em Portugal. Neste cenário são, ainda, os partidos populistas de direita que aproveitam esta conjectura quando eles próprios são, também, parte integrante da origem da crise, como é o caso do CDS-PP. Temos de admitir, então, que apesar do crescimento do BE em Portugal, a Esquerda não consegue ver passar as suas alternativas políticas. Entre elas, o combate á corrupção. Todas as pessoas concordam que um dos graves problemas da crise económica, social e política é a corrupção. Relatórios da OCDE atestam o facto e este problema está a descaracterizar a democracia. A corrupção acaba por se proteger a si própria na figura de um “polvo tentacular”, sendo este a chave de todas as decisões e é pela via do populismo que o eleitorado acaba por votar naqueles que estão comprometidos com as actuais políticas. É importante perceber estes fenómenos e perceber que a consciência das pessoas também é manipulada por uma verdadeira máquina de propaganda que está bastante oleada e sofisticada. Os grandes interesses económicos batem-se por isso, e não é por acaso que se preocupam desde deter e controlar os grandes órgãos de informação até ao domínio dos pequenos órgãos locais. Nesta perspectiva temos como actores principais, comentadores de aparente gabarito que tudo fazem para defender o sistema e denegrir ou desprezar as iniciativas de quem luta por mudar estas políticas que resultam num aumento de desigualdades e injustiças. A hipótese do contraditório é também negada na maioria dos casos tornando o combate político numa luta também ela repleta de desigualdades e injustiças. Tem sido no sector laboral com os sucessivos ataques aos direitos dos trabalhadores que começa a manipulação. O medo e a insegurança acrescido da precariedade permite controlar, calar e manipular as pessoas. A falta de respeito é visível em medidas como o factor de sustentabilidade. Numa altura em que assistimos a um aumento desregulado do ritmo laboral, acrescido de injustiças e abusos próprios do século dezanove os governos de uma forma hipócrita querem prolongar o tempo de trabalho e reduzir a pensão de reforma. As medidas de resolução da crise assentam na precariedade e nos baixos salários para a grande maioria. Para os directores, gestores e administradores o caso inverte-se radicalmente. A exploração e violação dos direitos dos trabalhadores fazem hoje parte de um grande processo de desumanização da nossa sociedade com efeitos sociais gravosos e imprevisíveis. Já em relação aos offshores, ao sigilo bancário, ao imposto sobre as grandes fortunas e quanto ao combate à corrupção tudo continua intocável. Os governos dão segurança máxima ao neoliberalismo capitalista num autêntico ataque ao sistema social ilibado por várias crises emergentes. Paulo Cardoso
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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