Tejo: Saúde Humana e Interesse de Classe Versão para impressão
Domingo, 13 Setembro 2009

Todas as justas causas sociais merecem o nosso trabalho unitário, merecem o esforço de por uma causa concreta lutarmos ao lado dos nossos adversários políticos que nelas convirjam. No caso concreto da luta pela saúde ambiental da bacia hidrográfica do Tejo, nomeadamente através do Movimento ProTejo, vejo convergirem pessoas e grupos de diferentes origens: associações cívicas, associações de desportos náuticos, associações culturais, grupos e indivíduos ambientalistas, autarquias e partidos políticos.

Artigo de Bruno Góis

Toda aquela fraternidade na defesa do Tejo é bem-vinda e necessária. Contudo espero que a conversão à causa do Tejo pela parte de autarcas e partidos que têm responsabilidades directas na poluição da sua Bacia Hidrográfica, seja ela também traduzida em actos concretos. Casos vergonhosos como o da Sociedade Lusitana de Destilação exigem uma denúncia e uma acção dura. Esta empresa recebeu mais de 6 milhões de euros em fundos europeus, ou seja fundos públicos, e faz dos cursos de água o seu esgoto não tratado e a céu aberto. Repito: casos destes exigem uma denúncia e uma acção dura. Não basta que as forças políticas que por actos e omissões são culpadas por esta situação adiram com discursos ou meios financeiros e logísticos ao movimento da defesa do Tejo. Essa adesão à causa tem também de traduzir-se numa mudança radical no tratamento das questões ambientais. Muito além do golpe publicitário do capitalismo verde, é necessário que as forças políticas não-socialistas, em nome das causas ecologistas, entrem realmente em contradição material com a dinâmica predadora do capitalismo.

Ouvindo um representante do movimento congénere Plataforma del Tajo de Talavera de la Reina , numa das sessões em Vila Nova da Barquinha que conduziram à fundação do ProTejo, tive a satisfação de ver realçado (sem assim ser nomeado) o carácter de classe que se esconde no ataque ao ambiente. Foram os interesses da burguesia que sugaram o Tejo e seus afluentes através dos transvazes para regar os seus latifúndios. A burguesia da margem do Tejo e afluentes destruiu as praias fluviais, onde hoje talvez corra mais esgoto que água das nascentes, e transferiu o seu lazer para as praias do Sul de Espanha. O interesse burguês predador destrói todo um modo de vida saudável das próprias cidades, vilas e aldeias de muitos burgueses concretos. A rapina capitalista transforma por várias vias recursos potencialmente disponíveis para todas e todos, desde a praia fluvial à sobreprodução alimentar, em recursos escassos e (porque úteis) económicos para os poder explorar como mercadorias. Porque a economia e a ecologia que defendemos nada tem desta irracionalidade ética: defender as praias fluviais que restaram às trabalhadoras e trabalhadores das margens do Tejo é defender um Tejo para a Humanidade.

 

A Comuna 33 e 34

A Comuna 34 capa

A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil"EditorialISSUUPDF

 capa A Comuna 33 Feminismo em Acao

A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação"ISSUU | PDF | Revistas anteriores

 

Karl Marx

 

 
 

Pesquisa


Newsletter A Comuna