Mudar é possível |
Sábado, 25 Julho 2009 | |||
Se há sector onde a fúria neo-liberal do governo de maioria PS se fez sentir de forma extrema e brutal foi o da escola pública. O que vimos nestes últimos anos com esta legislatura foi um ataque fortíssimo aos seus fundamentos e aos e às profissionais do ensino. Artigo de Almerinda Bento Sob a capa do rigor, da eficácia, o Ministério da Educação aplicou de forma deliberada e sistemática um plano que começou com a aprovação unilateral de um novo Estatuto da Carreira Docente, verdadeiro “ovo da serpente” de onde nasceram todas as medidas mais anti-democráticas e mais violentas contra a Escola Pública. Foi a divisão artificial e arbitrária da classe docente numa hierarquia entre titulares e não titulares; um modelo de avaliação irracional, que sofreu vários ziguezagues mas que no essencial mostrou o seu verdadeiro objectivo economicista – impossibilitar a chegada ao topo da carreira da maioria da classe docente; o fim da gestão democrática e o surgimento da figura do “director” que tudo pode e em tudo manda; e por fim, um concurso pretensamente “estabilizador” da classe docente, mas que se saldou num verdadeiro embuste com milhares de professores não colocados, com professores que são indispensáveis ao sistema, mas que se arriscam a ser contratados e precários toda a vida!A tudo isto a classe docente respondeu de forma poderosa e diversificada, com manifestações nacionais históricas, apoiando-se nos sindicatos, em movimentos diversos e nas suas próprias forças, tendo até conseguido alcançar um apoio da população que poderia parecer pouco expectável. A “equipa” de Maria de Lourdes Rodrigues e de Sócrates, escudada na sua maioria absoluta, a tudo fez ouvidos de “mercador”, agindo de forma prepotente e irresponsável. Neste jogo de forças em que escolas, conselhos executivos e grupos de docentes afrontaram o poder da não-razão, foram as escolas, com os seus profissionais, os seus alunos, os auxiliares de acção educativa, os sindicatos de professores e a Escola Pública quem mais sofreu num clima de afrontamento e de desrespeito à democracia, ao diálogo e à concertação, com profundas implicações no curto, médio e longo prazo, se não for invertida esta situação e esta espiral de ataque à Escola Pública. No entanto, as inesperadas energias despertadas neste processo de luta, foram um referencial para toda a população, sendo que a Escola Pública vive neste momento e no curto prazo um período decisivo de afirmação e de resistência. O essencial passa pela revogação deste Estatuto da Carreira Docente, pelo fim da divisão artificial da carreira, pela aplicação de uma avaliação de desempenho e de avaliação interna das escolas positiva e não punitiva ou eivada de suspeições como é o modelo que foi imposto; pelo fim deste modelo unipessoal de direcção das escolas; pela valorização do corpo docente, através da abertura de quadros nas escolas de acordo com as necessidades e as especificidades das escolas e dos agrupamentos em que se inserem. Nos seus shows habituais de propaganda, Sócrates bem pode continuar no meio do palco, ou no meio do outdoor brilhando como se fosse um qualquer “Rei Sol” em mangas de camisa a gritar o slogan “Avançar Portugal”. Bem pode falar nos Magalhães com que quis distrair as crianças, do Inglês generalizado no 1º ciclo … e convencer quem anda mais distraído e dizer que quem se lhe opõe é contra o “progresso”! Esta “modernidade” já mostrou o que é. Os dados estão lançados e os próximos actos eleitorais, tal como já foram as eleições europeias, poderão e deverão dar o sinal da mudança que se impõe. Este socialismo, não obrigado! Queremos um Socialismo, a sério!
Almerinda Bento 21 de Julho de 2009
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