Operação punhalada Versão para impressão
Segunda, 13 Julho 2009
Um general norte-americano afirmou como objectivo para a guerra no Afeganistão: "criar um Estado viável e retirar-nos com honra num prazo de 10 anos". É esta a visão do ocupante, que continua a manter a prisão da base militar norte-americana de Bagram, onde os detidos são torturados, não têm direito a advogado e não podem contestar a sua detenção.

Artigo de Carlos Santos

No início deste mês, as forças da Nato iniciaram uma operação de guerra no Afeganistão a que chamaram operação Khanjar, que em pashto significa punhalada e os americanos traduziram para inglês como espadeirada.

Em simultâneo, os chefes taliban anunciaram também uma ofensiva contra as tropas estrangeiras. O número de mortos aumentou ainda mais, quer entre a população afegã, quer nas tropas estrangeiras. Neste fim de semana, o número de militares ingleses mortos no Afeganistão ultrapassou o número total de baixas que tiveram no Iraque.

Numa reportagem publicada neste Domingo no jornal espanhol El Pais, o jornalista refere que "milhares de soldados ocidentais passarão entre seis meses e um ano enclausurados neste país sem trocar uma palavra com os afegãos. O desconhecimento é absoluto. Não há ódio. Só ignorância".

A guerra de ocupação, à boa maneira colonial, tem vindo a penalizar duramente a população afegã, sendo os mortos sempre divulgados como "talibans". Mas é conhecido que as baixas aumentam, nomeadamente entre mulheres e crianças.

Naturalmente, a ocupação, a miséria e a guerra fazem aumentar a resistência. Ao contrário do que os média normalmente veiculam a resistência afegã à ocupação não tem um líder, nem um comando único, nem sequer um objectivo comum. Mas é natural que a população atacada pelos exércitos ocupantes, confrontando-se com um governo que é um antro de corrupção, apoie os resistentes, mesmo que sejam talibans.

Um general norte-americano afirmou como objectivo para a guerra no Afeganistão: "criar um Estado viável e retirar-nos com honra num prazo de 10 anos". É esta a visão do ocupante, que continua a manter a prisão da base militar norte-americana de Bagram, onde os detidos são torturados, não têm direito a advogado e não podem contestar a sua detenção.

É para esta guerra que Obama aumentou recursos e procura mobilizar mais forças internacionais. Uma guerra para a superpotência norte-americana afirmar o seu poder entre aliados e inimigos.

Se Obama pretende reafirmar assim a hegemonia norte-americana, pode acontecer que encontre aqui o seu Vietname, como já se diz nos EUA.

A decisão do governo português , com o apoio do Presidente da República, de manter e aumentar o envolvimento de Portugal nesta operação colonial chefiada pelos EUA é que constitui uma verdadeira punhalada no nosso povo.

Carlos Santos

 

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