Está na hora de dizer basta! Versão para impressão
Sábado, 20 Junho 2009

Na manhã a seguir à reunião da comissão política do PS, as notícias da rádio, enquanto se toma o pequeno-almoço antes de rumar a mais um dia de aulas, falam de coisas extraordinárias: Sócrates disse aos jornalistas que “ia fazer um esforço para ser mais humilde” e que o PS tinha de ser mais humilde! Logo a seguir e porque estamos em maré de exames, o “inefável” Walter Lemos vaticina que os exames iriam decorrer com normalidade, aliás como tinha decorrido todo o ano, um ano normal com “uns” protestos de professores!

Artigo de Almerinda Bento

No dia seguinte, no parlamento, Sócrates voltou a esquecer-se do seu compromisso de humildade do dia anterior (já é normal) mas à noite na entrevista televisiva lá voltou a dizer que se havia seguido um caminho de mudanças na escola demasiado exigente e complexo, mas que se tinham depois adoptado medidas de simplificação que teriam permitido uma “avaliação” positiva da governação, nomeadamente nas escolas.

Nas escolas, dirigido aos Presidentes dos Conselhos Executivos que entretanto já não existem e foram substituídos pelos Directores (no meio ou final do 3º período!) a ministra da educação envia-lhes uma carta a acompanhar uma publicação de 62 páginas, intitulada “2005-2009 Mais e Melhor Serviço de Educaçã A a Z da Educação". Do melhor! Diversos exemplares distribuídos nas escolas de todo o país, naturalmente, porque a campanha de propaganda é timbre deste governo e deste Ministério da Educação. Como escreve a ministra, a publicação é para agradecer e partilhar porque é preciso sistematizar a “elevação da qualidade do ensino”, a “valorização da escola pública”, a “escola mais eficiente, mais próxima das famílias e dotada de novas regras de gestão” “ também graças ao empenhamento e participação de professores, pais, encarregados de educação e pessoal não docente….” A publicação é de Março, o número de exemplares é omisso, e começando pela carta da ministra e acabando na dita publicação, a linguagem é completamente sexista (para o ministério da educação só há alunos e professores) em total discrepância com as belas intenções de cuidar logo na escola e no seu ministério, naturalmente, de alterar através da linguagem os estereótipos de género que continuam a ignorar a realidade de uma sociedade feita de mulheres e homens, professoras e professores, alunos e alunas!

Mas voltando ao que aqui me trouxe, ouço Sócrates, Lurdes Rodrigues, Walter Lemos e digo que é preciso muita petulância e falta de vergonha para dizer isto e depois viver as escolas no antes e no depois desta legislatura, nomeadamente do ponto de vista das relações humanas, da democracia, do ambiente que lá se vive. As pessoas não têm tempo para respirar, não têm tempo para si, não têm tempo! Como os portugueses e portuguesas não são estúpidos/as, sabem distinguir no meio da vozearia, da propaganda, da manipulação e deram um verdadeiro cartão vermelho ao PS nas últimas eleições europeias, votando em quem tomado claras posições de luta pela manutenção e melhoria dos serviços públicos e contra o desemprego e precariedade. É minha convicção profunda que os tais protestos de professores que Walter Lemos referiu en passant e que a ministra simplesmente ignorou, foram o sinal inequívoco dos resultados que as urnas mostraram a 7 de Junho!

Os três meses que aí vêm vão ser fartos em jogos de palavras. O PS diz que o PSD representa um modelo neoliberal. Pois é! E então o PS o que é? Ao nível da escola pública, o PS nestes quatro anos de governo de maioria absoluta mais não fez que aplicar muitas das políticas neo-liberais que anteriormente o PSD não ousara aplicar, não só em consequência da resistência e luta do professorado, mas também porque não tinha o “conforto” de reinar sozinho em maioria absoluta!

No dia das europeias, Maria de Lurdes Rodrigues afastava encrespada os/as jornalistas com um seco “deixem passar!” “deixem passar!” Deixaremos sim e poremos com um expressivo voto nas esquerdas, as suas políticas arrogantes, economicistas, inconsequentes, anti-democráticas” no caixote de lixo da história. O futuro da escola pública, o futuro deste país não podem ser hipotecados com estas políticas nem com estes políticos neo-liberais!

Almerinda Bento

18 de Junho de 2009

 

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