O ponto fraco na esquerda nestas eleições |
Segunda, 08 Junho 2009 | |||
O Bloco de Esquerda atingiu o seu maior resultado de sempre, mas não um resultado qualquer, um resultado de forte valor político até porque alcança o lugar de 3º maior partido português. Este notório resultado é consequência, em primeiro lugar, do acerto da linha política, do centro táctico na defesa dos serviços públicos, da importância da luta pelos direitos do trabalho e no posicionamento pela paz. O resultado é tanto mais notório quanto o facto do BE não dispor de milhares de activistas fazendo “correia de transmissão partidária” em movimentos sociais. Tão pouco a luta social tem sido uma constante, na verdade, vai saltando em picos maiores ou menores de descontentamento. Esse descontentamento alargou, as massas estão chateadas mas não têm forças para vir para a rua responder com mobilização popular às consequências que a crise lhes provoca. Se isto é por cá, na Europa não será muito diferente. Mas então porque é que em vez de crescer a esquerda, em particular a mais combativa, cresceu a direita e a extrema-direita? Porque é que na França se desenrolam lutas extraordinárias mas depois vencem as forças de direita? Algumas pistas já são lançadas no artigo de Antônio Andrioli. Por agora, a preocupação destas notas centra-se na perspectiva da criação dessa alternativa europeia de esquerda. Um dos objectivos estratégicos da nossa táctica é partir a social-democracia. Isso aconteceu essencialmente na França e na Alemanha e permitiu novas alternativas mais à esquerda – mas ficou essencialmente por aí. Outro dos objectivos é conseguir alianças sociais entre partidos, movimentos e activistas de esquerda que se posicionem em ruptura com o neoliberalismo. Juntar forças, em Portugal como na Europa, é uma linha coerente. Por isso, cada vez faz mais sentido o desenvolvimento de plataformas políticas e sociais, de acção e movimento político por causas mas também de construção política alternativa ao eleitorado no maior número de países da Europa. Esse é o grande ponto fraco que estas eleições puseram ainda mais a nu. E esse é um problema muito, muito, sério – até porque será cada vez mais difícil obter crescimentos políticos sustentados (em Portugal) na situação de “farol do socialismo” da Europa. Esse é o grande ponto fraco que o activismo político precisa de tentar superar. Se vai fazendo o seu caminho por cá, falta fazê-lo na Europa.
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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