O neonazismo ronda a Europa Versão para impressão
Domingo, 07 Junho 2009
Com o aprofundamento da crise económica mundial, ganham força os movimentos de extrema-direita na Europa. Na maioria dos países europeus, grupos políticos fascistas e neonazistas ganham simpatias e adesões, especialmente entre os jovens. Em alguns países, como a Itália e a Áustria, partidos de extrema-direita tiveram um grande sucesso eleitoral, passando a constituir bancadas parlamentares e ocupando parte de governos. Haveria paralelos com a crise de 1929 e a ascensão do nazismo na Europa? Como podemos explicar o crescimento da extrema-direita no território europeu?
Artigo de Antônio Andrioli
O aumento da desigualdade social e do desemprego, as principais consequências visíveis do desmonte social e das políticas de privatização das últimas décadas, contribuíram para produzir um antigo fenómeno social: o aumento do racismo e da xenofobia. Em períodos marcados pela recessão e pela ausência de movimentos e utopias revolucionários, abre-se o espaço para a interpretação simplista e populista da realidade, que culpa os estrangeiros pelos problemas sociais. A ausência de alternativas políticas e o consequente sentimento de impotência e desesperança social são um terreno fértil para o aumento da xenofobia.
No actual cenário, o processo de mundialização do capital contribuiu para a reafirmação de estratégias de organização política com carácter nacionalista. A perda de identidade cultural, decorrente de uma crescente homogeneização da oferta de mercadorias, línguas e moedas, reforça o sentimento de nostalgia da população em relação ao período da Guerra Fria, que permitiu a construção do Estado de bem-estar social no ocidente europeu. Nesse contexto, ao invés de buscar compreender os problemas sociais de forma histórica e estrutural, a tendência é identificar um “bode expiatório”, um culpado pela situação.
O contexto actual é outro, mas há semelhanças com outros períodos propícios à emergência de propostas políticas totalitárias. O período em que Hitler e Mussolini chegaram ao poder foi influenciado pela ascensão do nacionalismo, corrente política que se fortaleceu no contexto de derrotas de grandes impérios monárquicos na 1ª Guerra Mundial. Os conflitos entre povos e o racismo, entretanto, são muito mais antigos na Europa. A disputa por territórios e recursos naturais constitui a base do colonialismo europeu e o nacionalismo historicamente serviu para criar uma coesão interna nos países, eliminando as contradições de classe e legitimando o investimento bélico.
Em países que não se empenharam em reflectir criticamente seu passado com as actuais gerações, como é o caso da Áustria, essa tendência tende a ser mais forte, como pudemos ver nas últimas eleições, nas quais a extrema-direita obteve recorde de votos, especialmente entre os jovens. Em outros países, como a Alemanha, se intensifica a ofensiva de repressão aos movimentos sociais por parte de governos de direita, legitimado pelo discurso de “combate ao terrorismo”. Enquanto a ideologia do totalitarismo mobiliza a sociedade a seu favor, ditaduras reprimem movimentos sociais. Essa parece ser a diferença fundamental entre a direita e a extrema-direitas, que dominam o actual cenário político europeu.

Antônio Andrioli é professor do Mestrado em Educação nas Ciências da UNIJUÍ - RS e da Universidade Johannes Kepler de Linz (Áustria), também publicado em www.espacoacademico.com.br

Nota da redacção: este artigo foi escrito antes das recentes eleições europeias.
 

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