A Nova Ordem Colonial |
Sábado, 09 Maio 2009 | |||
O mês de Abril no Iraque foi de grande violência com ataques suicidas dirigidos principalmemnte contra a comuniade xiita e também contra xiitas iranianos em visita aos lugares santos no Iraque. A brutalidade sectária causou em Abril 250 mortos e 700 feridos. Artigo de Mário Tomé A violência sectária despertada pela invasão do Iraque pela coligação dos EUA com a Grã-Bretanha, da qual se aproveitou a Al-Qaeda até então sem expressão no Iraque e radicalmente ostracizada pelo regime de Sadam Hussein, tem servido para mascarar a real dimensão, quantitativa e qualitativa, da resistência patriótica laica, não se devendo nem podendo, no entanto, excluir da resistência ao invasor os movimentos de cariz religioso. De facto as tropas norte-americanas, a acrescentar aos cerca de 4000 mortos sofreram mais 60 desde o princípio do ano sendo o número mais alto o de 18 mortos no passado mês de Abril. A prometida retirada dos militares norte-americanos vai ainda demorar dezoito meses não porque tal demora seja necessária por razões logísticas. Trata-se de assegurar as condições políticas, económicas e materiais para a prossecução da colonização do Iraque, o domínio das reservas de petróleo e a construção e guarnição das bases militares que farão do Iraque a base de controlo do Médio Oriente, deixando assim de depender tão directa e por vezes incomodamente do pit bull israelita que começa a dar mais problemas do que aqueles que resolve, do ponto de vista da nova administração Obama. De facto o Iraque é o país do Médio Oriente com a posição geoestratégica mais central, não foi por acaso que aí nasceu e daí irradiou a nossa civilização, daquele "Entre-Os-Rios", a Mesopotâmia. O aumento muito significativo do esforço militar dos EUA no Afeganistão, exige, naturalmente, que a ocupação do Iraque passe a uma nova fase, muito mais económica do ponto de vista do empenhamento de forças militares regulares. Com as bases militares construídas durante a ocupação, contribuindo para o espantoso número de mil bases que os EUA têm espalhadas pelo mundo, dominado por uma clique saída de eleições fantoches sob ocupação militar e com um exército preparado pelos EUA como força de primeira intervenção se necessário for e garantia de apoio complementar das pressões e mesmo de possíveis agressões contra o Irão, o Iraque está a ser preparado como base permanente da intervenção dos EUA no Médio Oriente. A continuação de cerca de 200 mil mercenários pagos a peso de ouro assegurará a continuação do saque do petróleo em bruto sem qualquer controlo, quando os marines saírem em Dezembro de 2010, deixando ainda, até ao fim de 2011, entre 35 mil a 50 mil dos 140 mil que actualmente concretizam a ocupação. O fomento da brutal violência sectária contra cidadãos iranianos, xiitas, e também contra os xiitas iraquianos, é um real estímulo a um crescendo da xenofobia, um factor de reserva para a tensão útil entre o Iraque e o Irão, que já protagonizaram como se sabe uma guerra monitorizada pelos EUA que causou um milhão de mortos . O povo iraquiano irá continuar a sua luta de libertação apoiando a resistência que já alcançou formas avançadas de unificação de cerca de trinta organizações e de eficácia comprovada de organização operacional da Resistência Nacional Iraquiana, constituindo a Frente Nacional e cujo representante Abu Mohamad esteve recentemente em Portugal. O Estado português, e não apenas Durão Barroso, está comprometido até aos cabelos no crime imenso que tem estado a ser cometido no Iraque desde a sua invasão em Março de 2003 e que já provocou um milhão e meio de mortos e cerca de cinco milhões de refugiados para além da destruição global das estruturas produtivas e sociais, da liquidação da esmagadora maioria da inteligentsia nacional, da razia do património não só nacional mas também mundial. Agora, quando Obama ensaia a manobra mistificadora da retirada do Iraque, há que exigir da União Europeia a tomada de posições que mostrem aos EUA que o multilateralismo não é o apoio multilateral às acções que estes decidem tomar, como foi já o caso do reforço do contingente dos membros da NATO no Afeganistão e de que Portugal foi, de novo, o mais entusiástico seguidor. A actual discussão dos problemas que se colocam à construção da UE, não deverá deixar de lado ou para trás as questões relacionadas com o papel da Europa na defesa do direito internacional violado flagrantemente com a sua própria cumplicidade ou complacência, e na condenação activa desta nova ordem colonial que sujeita o Iraque mas também a Palestina e o Sahará Ocidental. Mário Tomé
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