Na teia da distribuição de gás Versão para impressão
Sexta, 01 Maio 2009
O que a situação da Lisboagás revela é uma rede de empresas tecida pela GALP, que se relacionam entre si sem consideração pelos interesses dos clientes e sem um controlo efectivo do seu trabalho que não é eficiente e acaba por penalizar as pessoas.
Texto de Ana Cansado
A GALP, quer seja através da Lisboagás ou de qualquer outra empresa sua filial, domina o mercado do gás natural em Portugal. O fornecimento do gás, a instalação e inspecção dos equipamentos dependem directamente da filial que domina a região. Por exemplo, após o contrato com a Lisboagás os clientes recebem o técnico desta empresa, que instala o contador, e um inspector, que na maioria dos casos encontra uma fuga ou qualquer outra anomalia que impede a abertura do gás. Providencialmente, deixam ao cliente uma lista com os contactos de empresas que 'garantem' a passagem na próxima inspecção. Essa empresa normalmente contacta ela própria o inspector que numa visita posterior aprova a instalação.

Neste processo, o cliente pagou o contrato à Lisboagás, a visita ao inspector e ainda à empresa certificada, antes da segunda visita do inspector e do técnico da Lisboagás. E com sorte apenas perdeu três dias úteis à espera da visita destas entidades.

Este processo moroso e caro tem como justificação a segurança do cliente, uma vez que o gás canalizado comporta riscos vários, que só podem ser controlados com equipamentos seguros e técnicos especializados, que certifiquem a segurança da utilização do gás natural nas nossas casas. Mas não me parece que esta razão seja suficiente para legitimar o controlo total da GALP pois, mesmo que tenhamos preferência por outra empresa, não podemos escolher quem contratar uma vez que, no caso da empresa escolhida não estar na lista, o mais certo é o trabalho ser reprovado na segunda inspecção.

Também não me parece aceitável que, quando a inspecção se deve à mudança de titular do contrato, ou a uma revisão por qualquer outra razão, numa habitação onde o gás estava aberto, o cliente seja responsabilizado e não a equipa de técnico e inspector que tinham aprovado a instalação em funcionamento.

O argumento que sustenta a privatização de serviços públicos e do mercado livre é que a concorrência permite serviços melhores e ou mais eficazes. O que a situação da Lisboagás nos mostra é o contrário, ela revela uma rede de empresas tecida pela GALP, que se relacionam entre si sem consideração pelos interesses dos clientes e sem um controlo efectivo do seu trabalho, que não é eficiente e acaba por penalizar as pessoas. Por isto, é preciso a nacionalização da energia. Porque, de facto, é muito difícil viver sem gás e este representa um perigo sério para a segurança das pessoas, é preciso mudar o estado das coisas.

Para além da transformação da distribuição do gás natural num serviço público, é precisa uma política pública para a energia, para a água e demais serviços indispensáveis à vida. É preciso que estes serviços sejam transparentes, tenham qualidade e garantam os direitos das pessoas.
 

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