Controlar a REN é controlar o país Versão para impressão
Sábado, 10 Abril 2010

As intenções de privatização das Redes Energéticas Nacionais (REN), no âmbito do PEC, mostram como o PS se perdeu de amores com o neoliberalismo.

 A REN controla a chegada da produção de energia eléctrica, o seu transporte, as únicas oito interligações com Espanha em muito alta tensão, sequentes ligações a França, e a entrega da energia à distribuição. Com o gás natural acontece um processo similar (ver www.ren.pt).

O que interessa aqui perceber é a absoluta e total dependência do país face à REN. Se por qualquer motivo a estrutura da REN deixasse de funcionar pura e simplesmente o país entrava em colapso total.

 

Em consequência, entregar a REN a capitais privados é sujeitar a vida de 10 milhões de pessoas aos critérios obscuros do negócio privado. Os futuros detentores do capital da REN terão uma força de pressão sobre o Estado absolutamente inimaginável.

 

Como demonstraram os gigantescos apagões que há uns anos atrás percorreram a Europa e as Américas, afectando vários países e muitas dezenas de milhões de pessoas, a produção e as redes de transporte e distribuição de energia não podem ficar sob controlo dos privados. Sedentos de lucro a curto prazo o capitalismo especulativo introduziu-se no sistema energético e subfinanciou a sua manutenção e modernização tornando-o incapaz de responder às necessidades do próprio sistema de desenvolvimento capitalista.

 

Na energia a rentabilidade aumenta com a capacidade de transporte e interligação levada ao seu máximo. É como numa auto-estrada, ela dará mais lucro quanto maior for a densidade de carros e a carga transportada no tempo menor que demore a percorrer o percurso. Mas se há um acidente o sistema colapsa em dominó.

 A entrega da REN ao sector privado não é só uma brutal entrega do Estado aos desmandos imprevisíveis de um ou uns capitalistas, é tecnicamente uma asneira brutal e total. Alguns, em defesa da privatização, argumentarão que os capitalistas também são responsáveis e como tal não cometeriam loucuras. O sistema financeiro aí está para o provar – depois da maior crise global pós 29 os capitalistas estão a repetir os mesmos erros.Outros invocam as garantias da regulação. Quando, como em Portugal, se colocam os maiores defensores da especulação e do interesse privado à custa do direito público, nas entidades reguladoras é como colocar as raposas dentro dos galinheiros com a função de proteger as galinhas (ler aqui artigo de Ricardo Robles).

Outros, como Mário Soares, invocam permanentemente a necessidade da ética imperar na economia. Vale mais ir pregar contos infantis no Largo do Rato. A ilusão, social-democrata, de tanto apregoada, crescerá e voltará a ter espaço nas massas - mas terá pés de barro.

Victor Franco

 
 

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