Que tipo de sindicatos precisam hoje os trabalhadores? Versão para impressão
Terça, 28 Setembro 2010
A interrogação vem a propósito das reformas económicas anunciadas recentemente pelo governo de Raul Castro com base na necessidade de mudanças na economia para transformar e tornar mais eficiente o actual processo produtivo, que implicam fortes alterações na sociedade, particularmente nas relações de trabalho vigentes em Cuba.

É pela voz da Central dos Trabalhadores de Cuba, através duma mensagem intitulada “ Pronunciamento da CTC “ onde manifesta o seu apoio às medidas do governo, que sabe mais pormenores da” prevista redução de mais de 500 mil trabalhadores no sector estatal e paralelamente o incremento do emprego no sector não estatal.”

Outros 500 mil trabalhadores poderão seguir o mesmo caminho até 2013, após estudo dos resultados da primeira etapa.

Naturalmente que a notícia desperta preocupações, em primeiro lugar aos trabalhadores e trabalhadoras que perderão os seus postos de trabalho, mas também aos milhões de trabalhadores que na Europa lutam contra as politicas anti-sociais e laborais impostas pelos governos do Capital e que dispensavam esta “ ajuda ideológica” prestada por quem se reclama do socialismo.

Curiosamente ou não, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), ligada ao PCdoB divulgou uma nota de solidariedade à CTC.

O secretário-geral da CTC, Salvador Valdés, disse: “queremos fazer com que os trabalhadores entendam a necessidade inadiável de aplicar essa política “.

Sabemos que começaram a 15 de Setembro reuniões promovidas pelos sindicalistas para explicarem o despedimento pelo Estado deste elevado número de trabalhadores até ao primeiro trimestre de 2011 e ao mesmo tempo sugerem-lhes novas formas de vida “como alternativa de emprego: entre elas estão o arrendamento, o usufruto, as cooperativas e o trabalho por conta próprio, para onde se moverão centenas de milhares de trabalhadores nos próximos anos “

Nestas reuniões é pedido aos trabalhadores que votem a favor das reformas, ou seja dos seus próprios despedimentos.

Também ocorreu, segundo o jornal Granma, a demissão da Ministra da Industria Básica, Madina García por “deficiências na direcção “ e “débil controle dos recursos destinados ao processo de investimento e produção.

Não ignorando a entrevista em que Fidel Castro falou sobre o mau funcionamento do modelo económico, tendo logo a seguir desmentido a sua afirmação, assistimos a escolhas particularmente difíceis para os cubanos, onde o plano económico e o mercado não funcionam.

Sempre considerámos que “Cuba travava uma aguda luta nacional e anti-imperialista. Não sendo um país que constrói o socialismo mas que mantinha uma defesa das conquistas populares e uma resistência dignas de realce”.

A perspectiva do socialismo hoje pode ser associada a democracia e a multipartidarismo. O principal combate ideológico que os comunistas têm a travar é, sem dúvida, com a social-democracia, mas esse combate só pode desenvolver-se se os comunistas romperem com o dogmatismo. O papel dos sindicatos neste quadro deve ser reequacionado como órgão do Estado, devendo antes serem afirmados como organização dos trabalhadores e de defesa dos seus interesses.

Pelo que aqui chegados, importa retirar lições sobre o papel dos sindicatos que por serem uma parte do Estado, são controlados pelo regime (seja ele qual for), não têm independência e neste caso, estão ligados a uma cadeia de comando verticalizada e monolítica.

Mesmo a FSM – Federação Sindical Mundial, na qual a CTC se encontra filiada, defende na sua Plataforma – O Movimento Operário e Sindical no Século XXI, de Janeiro/2007 que do ponto de vista organizativo, os sindicatos devem ser independentes dos partidos políticos, devem funcionar por si mesmo e serem autónomos para responderem às políticas governamentais que sejam prejudiciais às classes trabalhadoras, devendo ser financeiramente independentes e não depender de fontes secretas. Mas na prática é isso que acontece?

Em qualquer tipo de sociedade, capitalista ou socialista, onde a luta de classes se exprime, em todo o tempo ou lugar, o papel que cabe aos sindicatos é no seu espaço interno exercerem a democracia, dando voz a todas as correntes de opinião e permitir a sua representação proporcional ao nível das direcções o que lhes possibilita de forma mais qualificada falarem livremente pelos trabalhadores e lutarem pelos seus direitos e interesses sem estarem subordinados aos Estados.

Há que aprender com os erros, a esquerda e em particular os comunistas só podem defender e lutar por este ponto de vista. Faz parte de nós.

Artigo de Francisco Alves – dirigente sindical
 

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