Editorial: A realidade, sempre a realidade Versão para impressão
Sábado, 25 Fevereiro 2012

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Vivemos momentos difíceis, é verdade, mas também desafiantes. A realidade está em mutação e só nos resta enfrentar esse desafio.

Na ciência, novas e extraordinárias descobertas como a da expansão acelerada do universo. No “infinitamente grande” cada vez mais “medido” em milhões e milhões de anos-luz procuramos a razão dialética da expansão, no “infinitamente pequeno” procuramos as partículas que “faltam” na matéria para explicar as coisas. Na filosofia marxista porque esta só pode ser coerente com a matéria.

Na física como na sociedade as realidades são implacáveis e quando são extraordinariamente narradas, como o fizeram Alves Redol e Manuel da Fonseca, elas devem ser reavivadas e compreendidas.

Essas realidades vivenciadas na incessante luta de classes mostram, hoje, as garras do neo-conservadorismo como teoria e prática de poder austeritário. Uma nova ideologia: a austeridade; uma nova acção repressiva sobre as massas suportada no reforço da super-estrutura estatal; a exclusão e o racismo como consequência da “preguiça”, da “ausência de mérito” ou da diferença, a democracia eleitoral – mesmo a burguesa - substituída pela tecnocracia nomeada; a “competência” no lugar da política e dos políticos – mesmo os burgueses -; um deus supremo ao qual tudo se sacrifica: a finança; o populismo no lugar da razão; a guerra sempre pronta a novas deflagrações, provando que o imperialismo se transformou mas continua dominante.

Muitos teorizaram segundas e terceiras vias “alternativas” mas fracassaram, todas elas desaguaram no “rio opressor”. Outros mantêm o esforço de conciliar o capitalismo com a democracia ou as bombas do imperialismo com o verde das plantas, também eles se transformarão em ribeiras que poderão parecer promissoras mas em breve secarão na quarta via do capitalismo.

A alternativa essa terá fonte naqueles e naquelas que souberem interpretar incessantemente a realidade, que trouxerem a razão à consciência de milhões, que usarem suas energias para mostrar na rua o imenso mar da cidadania, nos movimentos que tragam a luta emancipatória às cidades e às vilas conseguindo construir um Abril novo que terá de ter a força do povo.

Victor Franco

 

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