O símbolo do Syriza incorpora simbolicamente as bandeiras da luta das questões de género, da ecologia, do socialismo e do internacionalismo.
O feminismo e as lutas LGBT também são questões da luta de classes Resumir a cultura da esquerda às questões meramente sindicais representa hoje também uma determinada cultura de indentidade fechada das próprias alternativas anti-capitalistas. As questões feministas, dos direitos dos gays, bissexuais e transexuais representam hoje também questões fracturantes entre uma política que se quer conservadora de mãos dadas com o capitalismo ou uma cultura de esquerda que luta pelo socialismo.
Uma ecologia que não se vendeu à terceira via Ao contrário de algumas forças políticas que têm como principal bandeira política a questão ecologista, o Syriza nunca pôs para segundo plano a análise classista que a destruição do meio ambiente representa. Os tradicionais partidos «Verdes» perceberam também nestas eleições que talvez tenham falhado na sua análise política. Com cerca de 3%, o Partido dos Verdes na Grécia ficou áquem do que seria esperado, num momento político em que as esquerdas anti-capitalistas – que sabem bem que é o capitalismo que é hostil ao ambiente - sobem e ganham novo impulso. A esquerda grande é, na Grécia, uma esquerda que se quer anti-capitalista, dizem os eleitores.
O socialismo, o projecto-hipótese Os resultados destas eleições são esse projecto-hipótese. Sem saber dar uma resposta clara porque só o futuro o dirá, este momento representa hoje o início de uma real mudança no mapa político europeu.
Foi o partido mais votado em Atenas e em muitos outros círculos eleitorais. Numa hipotética próxima eleição, é expectável que o Syriza suba ainda mais. Rompeu-se a barreira do im-possível e agora o povo grego acredita na força que tem nas mãos para rasgar o acordo.
Esse internacionalismo que nós dá força Os resultados do Syriza representam agora a maior esperança que a esquerda anti-capitalista europeia no combate contra a austeridade. Ainda que com bastantes dificuldades de formar governo de maiorias de esquerda, o Syriza tem nas mãos a possibilidade de virar o espectro político europeu á esquerda. O líder do partido já pediu uma reunião com o presidente francês, Hollande e avisou também que enviará uma carta aos principais órgãos europeus avisando que as eleições gregas chumbaram a continuação das medidas de austeridade e recessão impostas ao povo grego.
É a maior resposta que uma esquerda europeísta podia dar. Ela abre uma nova porta contra a austeridade e para a esquerda na Europa. Uma esquerda que já não acredita no PS mas que agora não precisa realmente dele.
Sem cair no erro de sectarismos como é exemplo a posição do KKE, o diálogo com movimentos sociais, sindicatos, outros partidos torna agora a posição política do Syriza ainda mais forte e representa a maior ameaça para Merkel e o resto da Comissão Europeia e BCE.
Os 17% do Syriza espelham-se em muito mais do que isso; são a vontade que a Esquerda anti-capitalista ganhou desde Domingo.
Luís Monteiro
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