Da Grécia para uma nova Europa |
Quarta, 16 Maio 2012 | |||
Será já no próximo mês de Junho que os gregos irão de novo a votos para, nesta tão complicada situação, elegerem um governo. As negociações para a constituição de um governo falharam, pelas mais diversas razões. Artigo de Diogo Barbosa Apesar de todos estes desenvolvimentos a certeza é de que em Junho próximo o povo grego volta novamente às urnas para desta feita sim ter um governo e pelas perspetivas que apontam para um governo anti-troika. A questão essencial é perceber aqui se o novo governo grego que saia das próximas eleições seja efetivamente um governo anti-troika ou não, e sendo de que maneira o é. Há quem defenda que o próximo governo sendo anti-troika deva conjugar as forças da esquerda e de direita contra a troika, mas partamos de um principio básico que é o de que em questões estratégicas a direita mais liberal de costumes até pode concordar e votar com a esquerda, mas não esqueçamos que a direita não deixa de ser quem introduziu na Europa e no mundo a crise que estamos a viver desregulando por completo os mercados e privatizando e liberalizando até que ela própria se sente estrangulada pela sua própria corda, pois que sem o povo a direita também não consegue viver. E é agora que se vê que o povo, através dos resultados eleitorais que temos acompanhado ao longo das últimas semanas, está farto da direita e isso revela-se com o resultado em França onde Mélenchon alcançou um grande resultado com uma junção de esquerdas e a Grécia onde a Syriza, que é também uma coligação, foi a grande surpresa não tendo conseguido formar governo devido a uma esquerda que não soube na altura certa colocar de parte algumas razões ideológicas para a construção de um bem maior, bem esse que é o rompimento do memorando grego com a troika e a reconstrução de toda a economia grega desta feita por uma esquerda grande e com o apoio do povo, tal sectarismo não é benéfico para o movimento que se foi criando ao longo destes últimos anos na Grécia. É nestas alturas que é necessário compreender o que significa a esquerda grande e a esquerda construtiva. Muitas vezes diz-se por vários blogs e por vários programas com comentadores de renome que a esquerda grande é uma colagem ao PS, ora as eleições na Grécia provam precisamente o contrário, não é necessário PS para a construção de um governo de esquerda e anti-troika, até porque o PS à muito deixou de ser de esquerda e assinou também o memorando. Por estas razões quando se fala em esquerda grande não se deve ter nessa expressão a ilusão de que o PS possa fazer parte dela, para isso seria necessário um novo PS a toda a escala. Ora sucede que na Grécia sucedeu-se um grande falhanço para a construção dessa esquerda grande, o afastamento do KKE da Syriza tendo em cima da mesa a hipótese de formar governo e um governo anti-troika ainda que juntando também outros partidos de esquerda, não num acordo pré – eleitoral pois os programas não são totalmente iguais, mas perante a necessidade de resgatar um país como a Grécia da situação em que se encontre é necessária uma esquerda forte e sem sectarismos, o que não aconteceu e leva a Grécia a passar de novo por um processo eleitoral. Pode ser que com esta experiência haja partidos que deixem os fantasmas para trás e saibam ter o discernimento daquilo que é necessário para arrancar o povo das mãos da troika e de uma Alemanha que acha ser dona da Europa. Está na hora de provar que é possível uma nova Europa e essa pode começar já em Junho na Grécia. Que o vento grego traga para o resto da Europa o verdadeiro sentido de democracia e que seja o novo berço de liberdade e do livre pensamento.
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A Comuna 33 e 34
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